Conselho Nacional de Educação - por Mário Begonha

Quando se fala do Conselho Nacional de Educação, somos tentados a questionar o nome, pois talvez fosse melhor "Conselho da Educação Nacional", porque quando dizem que é Conselho Nacional significa que é português, que é da Nação, ou ainda que é do âmbito de todo o País, mas se fosse "Conselho da Educação Nacional", significaria que é o único que aconselha sobre todos os assuntos da educação do País, o que pressupõe que "Ela" deve ter unidade de pensamento e de acção e deverá óbviamente ser multifacetada e diversificada e ainda ter um sentido dinâmico, ou seja estar entrosada com a realidade, que é o País, o que implica protocolos com o mundo do trabalho, que é afinal o objecto da educação; educar para a vida prática, para o emprego e para a produção.
Mas se a educação é de facto, e deve ser, multifacetada, multidisciplinar, então o dito Conselho também terá de o ser, ou seja, tem de se organizar por secções, ou especialidades, e ter especialistas em diversas áreas e ainda coordenadores, multidisciplinares, que possam fazer a articulação entre os vários sectores do saber e da aprendizagem, mas com capacidade e vitalidade suficientes para excederem o seu papel de "aconselhamento", para atingirem o patamar de sugestões e da sua permanente reconversão e actualização, ajudando o ministério da Educação Nacional a ser, por sua vez, mais dinâmico e pro-activo, nas questões da Educação, que pouco têm a ver com os assuntos da gestão do "orçamento", que parece consumirem quase todo o tempo do ministério, a par das questões políticas.
E esse poderá, e deverá, ser o novo papel do "Conselho da Educação Nacional", já que terá todo o tempo para reflexão científica, técnica e pedagógica, os vectores essenciais para o aconselhamento, ao contrário do ministério que tem pouco tempo para reflectir. E o problema é que, por vezes, é difícil e perigoso agir, ou actuar (decidir), sem muito tempo para reflectir. Por isso esse órgão (o Conselho) devia ser um "instrumento" muito utilizado pelo ministro da Educação, como um factor de peso, nas suas decisões finais.
É que o maior problema do desenvolvimento não é só o crescimento, é sobretudo uma questão de Educação, ou melhor, de "inteligência". Convém aqui lembrar que um retardado mental até poderá ter dois metros de altura, mas nunca se desenvolverá, porque o desenvolvimento é em todas as direcções, vectores e funções, ou seja, multifacetado, ao contrário do crescimento, que é unidireccional, e necessita, absolutamente, de "inteligência". Gostaríamos, por isso, de ver o novo "Conselho da Educação Nacional" mais "inteligente", mais rico e diversificado e podendo pronunciar-se sobre questões de "cinesiologia educativa".
Mário Bacelar Begonha in dn.pt

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico