Era uma vez... mais uma vez, a Política!

"Era uma vez um rei que se preocupava com a felicidade do seu povo...
O seu pequeno e fechado reino situa-se nos Himalaias, numa Terra do Dragão encravada entre a China e a Índia. Além de pequeno, o Butão (assim se chama esse reino) é considerado uma das menores e menos desenvolvidas economias do mundo. Mas numa coisa o Butão é grande: a Felicidade Interna Bruta é o factor mais importante. O mundo começa a reparar na sua inovadora forma de medir FIB em vez de PIB. No passado dia 20, o primeiro-ministro deste país pequenino falou perante as Nações Unidas, na monumental e capital do mundo, a cidade de Nova Iorque. Encheu a boca com a palavra "felicidade" - que provoca alguma estranheza e arrepios a muitos políticos - e defendeu que ela devia ser considerada pela comunidade internacional o nono Objectivo de Desenvolvimento do Milénio."
DN - Céu Mota, Setembro 2010

E agora em jeito de apontamento...
"Político" deriva do latim politicus e anteriormente do grego πολιτικός. Usado como substantivo, indica aquele ou aquela que exerce actividades do domínio público, ou seja, o que domina a "arte de governar" o povo; como adjectivo refere-se ao Governo e ou ao Poder Público.
No livro “A Política", Aristóteles definiu o homem como "animal político", pois vive em sociedade: uma das condições definidoras do ser humano é o facto de viver gregariamente com a intenção de concretizar um objectivo comum, para o qual todos devem trabalhar. É inconcebível um homem sozinho ou "auto-suficiente", pois deixa de ser homem e não sobrevive.
A política será o "estudo e a aplicação das formas de organizar o espaço público ideal", estabelecendo princípios e leis que contribuam de alguma forma para o bom "governo" do povo. Trabalhando com a inteligência, honra, honestidade e respeito pelo próximo - portanto com ética, virtude e prudência - o governante de verá conduzir os destinos do povo em direcção a um horizonte de realização cada vez maior.
A política oferece-nos, através da filosofia, doutrinas indispensáveis ao bom governo do povo, soluções diferentes ( com hierarquizações valorativas diversas) para problemas muitas vezes iguais.
Para se ser Político não basta ser-se inteligente: é fundamental possuir o carácter apropriado não tendo em conta a sua posição, a sua origem ou as suas amizades. Esta tarefa exige a compreensão dos outros, o conhecimento da dor e do prazer, do medo e da coragem, da justiça e da injustiça, do bem e do mal, assumindo o espírito do Estado como um todo constituído de cada parte. O Político deverá conseguir pôr o Estado em primeiro lugar, antes da família, antes de cada indivíduo mas não pode deixar de lutar pela dignidade humana e pela tolerância, agindo sempre com "virtude" e "prudência", caso contrário "torna-se o mais feroz dos seres vivos".
Esta visão do político, tem por fundamento a concretização de um Estado que permita a felicidade de todos: repare-se que não dizemos que é o Estado que deve garantir a felicidade, isso é missão de cada um: o Estado tem de criar as condições que permitam a realização dos projectos individuais em harmonia com o todo.
F.Lopes