
R. M. Hare, figura destacada da Ética filosófica contemporânea, faz a seguinte assertiva que confirma a nossa posição: "Os problemas da ética médica são problemas tão característicos da moralidade que a filosofia moral, ao que se presume, será capaz de ajudar a sua solução. Um fracasso nesse campo seria, não apenas um sinal da inutilidade da disciplina, mas também da incompetência de quem a utiliza".
Esse entrecruzamento da ética com o progresso continuado da tecnologia e da medicina produz uma mudança na interpretação tradicional que estava sendo conferida a determinados símbolos ou imagens. C. Viafora enumera como tendo marcado caráter antropológico-religioso os seguintes: a fecundidade como bênção, a doença como prova, a morte como passagem, a vida como dom (11). Desde a nova ética podem ser questionados alguns desses valores e as interpretações que lhes são dadas. Isto, porém, não implica na queda dos princípios da ética, quer filosófica quer religiosa. Trata-se de um sinal da perenidade e atualização da ética que enfrenta novos posicionamentos através da história.
Joaquim Clotet in revistabioetica.cfm.org.br