
Seria estranho se um programa de filosofia não abordasse a lógica, tal como seria estranha a nossa vida se a lógica não estivesse presente, quer nas coisas mais sérias, quer no quotidiano mais simples. Vale a pena perguntar: que estrutura é essa que se esconde por detrás da linguagem? Como descobrir os caminhos às vezes tão camuflados dos discursos políticos? Como perceber a manipulação de que tantas vezes somos vítimas? Como desmontar intenções camufladas e simultaneamente "descaradas" com que nos deparamos? Como conseguir "sobreviver" num mundo em que uns poucos manobram e condicionam a nossa vida?...
Atenas, Séc. V a.c.:
Personagens: Aristóteles e Sócrates (é claro que este último não poderá ser o conhecido filósofo, já que é anterior a Aristóteles).
Durante uma visita a uma casa de loucos de que Aristóteles é responsável, Sócrates questiona o Mestre da Lógica sobre o critério para definir quando um paciente está curado ou não.
- “Bem”, – diz Aristóteles – “enchemos uma banheira e oferecemos uma colher de chá e uma chávena ao louco... de seguida pedimos-lhe para esvaziar a banheira”.
- “Entendo”. – diz Sócrates com um sorriso – uma pessoa normal escolhe a chávena para o fazer, pois é maior.
- “Não”, – responde Aristóteles – uma pessoa normal tira a tampa do ralo...
O que nos faz sorrir na piada? A situação? A surpresa e o inesperado? O atrevimento dos personagens? As múltiplas leituras? Talvez tudo isto. No entanto, o que é certo é que há um jogo lógico que é usado para produzir o efeito desejado. Que atrevimento este o de brincar com a nossa mente! E maior atrevimento ainda o daqueles que, conhecendo os sistemas lógicos do pensamento humano, querem fazer de todos os outros peças para manipular facilmente como num qualquer jogo de tabuleiro... Só que, agora, trata-se da vida real!...
F.Lopes