Democracia, por Jessica Ferreira (texto argumentativo)

Somos um povo revolucionário! Lutámos com unhas e dentes pela nossa liberdade e pelos nossos direitos! Desejámos respeito e trabalhámos afincadamente para podermos ter voz. Sujeitámo-nos a um regime totalitarista de ditadura; mas não desistimos e conseguimos fazer do dia 25 de Abril de 1974, o dia da conquista da nossa liberdade! Conseguimos constituir uma democracia clara que restitui a liberdade de expressão, decisão, opinião e de comunicação e apenas olhava o bem do povo, lutando pelos seus direitos e mantendo nele o poder de decisão! Desde então que de 2 em 2, ou de 4 em 4 anos exercemo-lo grandiosamente escolhendo o governo supostamente, mais indicado. Surge então uma dúvida: não era no povo que se concentrava o poder? Sim é, mas necessita-se de alguém democraticamente superior para representar e lutar conjuntamente pelos objectivos da população! Superior? Mas a Democracia não é um sistema que defende a igualdade? Pois é. Ou deveria ser…
Todos nós sabemos que, hoje em dia, impera uma sociedade "monetarista" e consumista em que o dinheiro é o nervo central do quotidiano. Mas não é isto normal? É! Viveram-se tantos anos de privação dos direitos e até mesmo de satisfação de certas necessidades que agora exige-se um aumento qualitativo e quantitativo, visto que já não existe nobreza, clero ou burguesia que reunia toda a riqueza, nada restando ao povo. Hoje isso foi substituído por "classes"... alta, média e baixa, (embora não seja politicamente correcto dizê-lo). Assim existe uma "classe democraticamente superior" e outra "democraticamente baixa" (ou inexistente de um ponto de vista político). Apercebemo-nos ainda da extinção da "classe média". Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres são cada vez mais miseráveis! Mas não nos esqueçamos que a Democracia roga e defende, principalmente, os menos favorecidos. O que não se entende é como se chegou a este estado? O sistema democrático já reina há extensos anos e foi durante a sua existência que tal facto aconteceu! Só que o povo mantém-se pacífico, "sereno", conformado, ignorando o facto de ser manipulado diariamente por um "regime fascista" que em épocas de eleições, lhe pede para que escolha o "melhor governante". E como os menos favorecidos constituem a maioria, são a eles dirigidas as campanhas que distribuem todo o tipo de brindes e recompensasa que chamam lembranças ou “prendinhas”, passando a ideia de que pensaram em nós; e na realidade pensaram, mas apenas pelo engenho de uma estratégia premeditada de cativação de votos. Ou existirá alguém que continua a receber “prendinhas” fora das épocas eleitorais?
Ainda resta a alternativa de ser a população menos favorecida a candidatar-se a governante de Portugal e tudo devido à  Democracia, pois, se ela não existisse, tal não seria possível  visto que antes não era permitido sequer contestar! Levanta-se agora a seguinte questão: e rendimentos? Uma campanha eleitoral necessita de cartazes, folhetos, “prendinhas”, convívios e reuniões e toda uma panóplia de coisas que são realmente dispendiosas. Terá uma população com tão poucos recursos, acesso a elas? Ainda assim o sistema democrático permite, mais uma vez, uma alternativa recorrendo aos "patrocínios". Influência não faltará! Mas aí deparamo-nos com a existência de outro candidato que, coincidência ou não, dispõe de diversos recursos monetários, cuja influência é real e bastante superior. Pudera, com influências dessas, quem não se renderia?
Finalmente, e para concluir, lanço apenas a seguinte questão: Será a Democracia esse sistema que garante a liberdade e zela incondicionalmente pelos direitos da sua população? Ou será antes um regime disfarçado, onde a oligarquia é camuflada, um sistema que com promessas e razões de interesse nacional garante e defende as desigualdades de riqueza, perpetuando um modelo de vida regido pela lei do mais forte?

Jessica Ferreira 11ºD