A origem do conhecimento

A Origem do Conhecimento 
O problema da fonte ou origem do conhecimento coloca as seguintes questões: 
Qual será a origem do conhecimento? A experiência? A razão humana? A esta questão dão resposta correntes como o Empirismo, o Racionalismo, o Racionalismo transcendental (ou Apriorismo) e outras posições intermédias. Racionalismo e Empirismo são doutrinas filosóficas que respondem à questão acerca da origem do conhecimento. Se na perspectiva do Empirismo este deriva da experiência, não havendo no nosso espírito dados independentes desta, na perspectiva racionalista, o conhecimento tem a sua origem na razão, tendo esta princípios ou ideias independentes da experiência. 
Descartes e o Racionalismo
Descartes é um dos principais vultos do Racionalismo. Este filósofo foi revolucionário no século XVII quando defendeu que, utilizando o método certo, só através da razão, a que ele também chama "luz natural", era possível chegar à verdade. Este método é minuciosamente explicado numa das obras deste racionalista: "O Discurso do Método". Assim, através de regras como o percorrer o caminho para o conhecimento sempre "do mais simples para o mais complexo,..." e o dar prioridade às ideias que, com mais clareza e distinção, se apresentam ao nosso espírito, porque são inatas, já nasceram connosco, a razão humana pode, independentemente da experiência, chegar ao verdadeiro conhecimento. 
Hume e o Empirismo 
Em oposição ao racionalismo cartesiano está o empirismo de Hume. Este filósofo inglês foi um crítico do designado "racionalismo dogmático" do século XII, dando um especial destaque à experiência, o que veio a influenciar, mais tarde, o racionalismo transcendental de Kant. Assim, Hume vai defender que todo o conhecimento começa com as percepções que temos da experiência sensível. Nesta temos as impressões, que são mais nítidas, e as ideias, que são percepções enfraquecidas. Toda a nossa actividade mental consiste em fazer associações de percepções derivadas da experiência. Mesmo o Princípio de Causalidade, em Hume, não passa de uma associação de ideias. Eu espero que o efeito surja depois da causa porque me habituei a que isso acontecesse, mas não há nenhuma lei da razão que a isso obrigue. 
Kant e o Apriorismo 
Por sua vez, Kant propõe o Apriorismo, que é um modelo que vem colmatar insuficiências dos dois modelos citados. Isto porque o Racionalismo defende, grosso modo, que todo o nosso conhecimento é derivado da razão humana, que o dado da experiência é dispensável. Nesta teoria temos diferentes perspectivas, de diferentes autores, que se consideram racionalistas mas com grandes variantes. Descartes é um exemplo forte de racionalismo, pois para ele a mente humana, com um bom método, pode chegar a todo o conhecimento através das "ideias inatas", que são os conhecimentos que já nascem connosco. Aqui temos o sujeito do conhecimento com um papel activo, que até dispensa a experiência. O Empirismo descreve a nossa mente como uma "tábua rasa", termo de J. Locke, onde são impressas as várias impressões sensíveis, isto é, vindas da experiência e captadas pelos nossos sentidos. Podemos verificar que se trata de um modelo em que o sujeito é passivo. A forma de superação kantiana surge como uma conciliação. Isto porque Kant defende o apriorismo, isto é, são as nossas estruturas a priori, independentes da experiência sensível, que configuram todo o conhecimento; mas, por outro lado, como Kant afirma na sua obra, "Crítica da Razão Pura", "não resta dúvida que todo o nosso conhecimento começa com a experiência." No entanto, é só porque dispomos de formas e conceitos a priori, que esse conhecimento pode ser universal e necessário. Nas palavras de Kant, na referida obra: "Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele deriva da experiência...".
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