Dia Internacional da Mulher

Porquê 8 de Março?

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.
in: http://www.eselx.ipl.pt


A discriminação continua

Nos últimos dias, relatórios nacionais e internacionais voltaram a chamar a atenção para o facto de as mulheres continuarem a ter mais dificuldade em ascender a lugares de topo.
Em Portugal, por exemplo, a participação da mulher no mercado de trabalho é das mais elevadas da União Europeia, mas apenas 16% exerce cargos de chefia.
No ano passado, a maior parte dos 2,4 milhões de mulheres empregadas fazia parte do "pessoal dos serviços e vendedores" ou exercia profissões não qualificadas.
Num mundo laboral ainda dominado por homens, é mais fácil uma mulher chegar a cargos políticos, nomeadamente a Chefe de Estado, do que a presidente ou diretora executiva de empresas privadas multinacionais.
No entanto, existem apenas 10 mulheres no actual Governo - não chega a 19% do total dos governantes - e no Parlamento, as portuguesas ocupam apenas 63 das 230 cadeiras do hemiciclo (27,4 % do total de deputados).
Mesmo quando desempenham funções iguais, existem fortes riscos de os salários serem diferenciados, com eles a ganharem mais do que elas. A disparidade salarial média entre homens e mulheres na União Europeia é atualmente de 18%, sendo que em Portugal é de 9,2%.
Dados da CITE mostram cenário preocupante em Portugal
No entanto, dados da presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), mostram uma realidade ainda mais preocupante: as diferenças salariais rondam os 8% nas profissões indiferenciadas, mas "nos cargos de topo e lugares decisórios verifica-se mais de 30% de diferença salarial entre homens e mulheres".
Apenas em um terço das famílias portuguesas, a mulher tem um rendimento superior ao do marido.
E na hora de ver os índices de desemprego, as mulheres aparecem como as grandes vitimas. A nova presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, Sara Falcão Casaca, lembrou que há uma "sobrefeminização" do desemprego e uma em cada quatro mulheres estão em situação de precariedade laboral.
Os números de queixas feitas à CITE mostram essa realidade: entre 2008 e 2009 quadruplicaram o número de denuncias, na maior parte das vezes relacionada com a não renovação de contratos de grávidas ou recém mães.
Em 2008, a CITE recebeu 36 queixas, um número que disparou no ano seguinte atingindo as 164 queixas.
Também os funcionários da Linha Verde da CITE viram duplicar o seu trabalho em 2009, ano em que atenderam quase duas mil chamadas relacionadas com problemas laborais de grávidas e recém mães ou pais em licença de paternidade.
No total, a procura de esclarecimentos telefónicos mas também por escrito junto da CITE duplicou: de pouco menos de dois mil em 2008 para mais de quatro mil em 2009.
E, quando termina o dia de trabalho, as mulheres ainda têm pela frente mais 16 horas de labuta semanal em relação aos homens, porque as lides domésticas ainda são uma tarefa "delas".
in: http://sic.sapo.pt