Estive a ler Nietzsche, nota-se? - por Anna Lavrenko (11º ano)

É horrível como assistimos a este pregar da morte completamente serenos! Todos os dias nos é dito o que e como fazer; distinguem o bom do mau, escolhem o nosso caminho, impõem-nos uma carga de valores, muitos completamente falsos, interesseiros e prejudiciais. E todo este processo começa desde cedo: vemos uma alegria tremenda a sair do quarto da maternidade, todos felizes com o nascimento de mais uma vida… todos começam a fazer planos para o recém-nascido, querem que ele seja de um determinado modo, até a sua futura profissão escolhem! Desejam-lhe que cresça saudável e seja uma boa pessoa…
Eu só espero que voltes a ser criança! Observa, reflecte e escolhe o teu próprio caminho. Não sejas mais um peixe enlatado em falsos valores. Sim, é exactamente numa sociedade destas que vivemos, onde te vão moldar "a todos os outros", inserir ideias que não podes negar, vão pôr-te a agir de uma certa forma, sem espaço para as tuas convicções. Mas os tais senhores que te dizem isso tudo, acabaram por matar a própria moral e nem se aperceberam disso; os valores esvaziaram-se! Se repararmos muito do que é hoje bom, já foi em tempos um pecado. Teremos nós algum direito de dizer ao nosso próximo o que é positivo para ele, o que o irá fazer feliz? Certamente não, cada um de nós é uma vida única, temos todo o direito de viver e não andar por aqui pelas regras dos outros. Nunca deixes de mastigar bem toda a comida que te servem! Sê como uma borboleta: em lagarta comerás tudo até ficares completamente cheia, sem necessidades, acabarás por te fechar num casulo do qual te irás libertar, porque amas e desejas a vida; devorarás tu própria o teu casulo e quando já estiveres firme, voarás! Não tês esqueças que o bater de asas de uma simples borboleta influencia o curso natural das coisas: serás um exemplo! És único, com o teu próprio voo, as tuas cores, tens as tuas duas asas que te orientarão… Voa e aparecia a vida, não poises em ninguém, no entanto observa e deixa-te ser observada, só assim é que se conserva a espécie! É por isso que digo que o egoísmo é que manteve a nossa espécie até agora. Desde sempre ouves que tens de preservar e respeitar o teu próximo, mas é certo que não será a alcatroar-lhe o caminho: sê um raio para todos! Liberta-te de toda a moral, recusa aquela mão que nos estica a morte, é dos passos mais importantes para a nossa evolução. Muito daquilo a que a moral dá o nome de mal, pode ser o caminho para a nossa libertação. Renunciamos quando reflectimos sobre os tais valores, deixamos de ser aquele peixe igual aos outros todos que levou a mesma conserva, o mesmo molho. Libertarmos por fim toda a carga que nos acompanhou durante a vida; começamos a agir porque nós queremos, independentemente daquilo que os outros dizem que deves. O objectivo no fim de contas é superamo-nos a nós mesmos: és tu que vives a vida, age por ti, os outros escolherão as suas próprias acções! Não te preocupes! Cada um acabará por encontrar o seu caminho da maneira que achar melhor. Não podemos deixar morrer os nossos instintos, são eles que nos levam a fazer aquilo que queremos. A morte destes é a morte da nossa própria vida, e certamente amas e desejas a vida, tens aquele instinto de preservar a nossa espécie, o mesmo instinto que a moral diz negativo. É raio para a nossa libertação!
E como diz Nietzsche, numa foram aparentemente paradoxal, “ a espécie é tudo, o indivíduo nada”: só seguindo o nosso próprio caminho manteremos a nossa espécie viva! Não podemos dar a mão a ninguém que nos conduza; não vamos cair no mesmo erro! Supera-te a ti mesmo e acredita que conservarás a tua espécie!

Anna Lavrenko