O Feio e o Belo - por Andreia Soares (11º ano)


Saberemos ao certo o que é “Belo ou Feio”?
Ignorantemente pensamos que sim.
A Beleza e a Fealdade são conceitos interiorizados pelo sujeito sem margem de dúvida: destaco o "ignorantemente" uma vez que estes conceitos não podem ser assumidos como certos.
O “Belo e o Feio”, no abstracto parecem funcionar de uma única forma, contudo, uma vez que qualquer um deles necessita da presença de um Ser Concreto, acabam por assumir um juízo estético que é claramente subjectivo e depende das particularidades do Sujeito, do tempo e da circunstância. Para mais, além desta face estética-plástica, como tal externa, estas concepções assumem também uma face conceptual e por conseguinte, interna.
Como notou Baron de Montesquieu, a “Beleza interna é aquela que possui mais encanto”. Mas será o suficiente para que o interior seja tido como o mais importante? A resposta a tal enredo é simples, pelo menos para aqueles que assumem o exterior com banalidade, chegando mesmo a desprezá-lo como algo que influencia os nossos sentimentos.
Embora seja irrefutável o facto de o interior servir como avaliação qualitativa de um ser, só a junção do interno com o externo faz de alguém verdadeiramente belo. Há no entanto um facto que muitos esquecem: é que o encanto esta interligado com o tempo. Daí ser inevitável que a Beleza interna seja a mais encantadora, porque está sempre em crescimento, pois com o avanço temporal vai adquirindo experincia, o que a torna vasta e reluzente, podendo ser encaradâ como um crescente processo de qualidade e quantidade. Contrariamente a Beleza externa vai sofrendo alterações e acaba por se desvanecer.
Atente-se agora no seguinte exemplo: uma pessoa é presa e sabe que é culpada assumindo-se como tal. Durante o seu tempo na prisão, reflecte e percebe que cometeu um erro, e quer mostrar “ao mundo” que está arrependido e que quer muito mudar. Mas para o mostrar “ao mundo”, precisava de ser livre, de se libertar das grades que o prendem... Como não é possível, esteja ele arrependido ou não, o “mundo” não o saberá.
Assumindo agora que as grades da prisão correspondem ao Corpo, aquele que transmite “Beleza externa” e que a vontade de mudar, sentida pelo preso, corresponde ao Espírito - Beleza interna - verificamos então que o Espírito, por vezes, sentindo vontade de ir mais além, encontra um obstáculo que o impede de se libertar: o Corpo.
Sendo assim, um sujeito considerado fisicamente feio é, por consequência, prejudicado na sua “avaliação global” (interna e externa), pois a sua fealdade externa, é assumida como algo definitivo e vai condicionar e até impedir a sua análise interna, que poderá revelar um ser extremamente Belo.
Como já referi, a Beleza externa acaba por se desvanecer; com alguns “truques” até poderemos conseguir que ela se mantenha por mais algum tempo, pelo menos parcialmente; no entanto há-de chegar o momento em que nada valha: são as leis da natureza!
O Tempo, pode ser considerado a chave para a Beleza e a Fealdade: ele aparece referido directa ou indirectamente em quase todas as ideias referentes a estes conceitos. Ora vejamos: quando somos novos fazemos de tudo para parecermos mais velhos, queremos que o tempo avance, no entanto, quando parecemos velhos, fazemos de tudo para parecer novos, queremos que o tempo recue.
Parece que andamos com o tempo de um lado para o outro: ora avançamos e queremos avançar, ora queríamos recuar, mas não recuamos.
Estes apelidados “truques”, tanto se referem ao exterior como ao interior, pois somos um só e o Externo e Interno não existem separados.Talvez o Feio tenha tanto encanto quanto o Belo.

Andreia Soares