Sentido, Razão, Verdade e Mentira - por Cátia Serrano (11º ano)

Será a verdade uma realidade fácil na vida do homem?
Eu penso que não.
A verdade tem duas vertentes: a desejada e a odiada. O ser humano mente aos outros porque lhe convém mas receia que o enganem, pois ele anseia ver as coisas tais como elas são e não pelo lado fictício.

“É muito natural que os homens odeiem aqueles que dizem ou tentam dizer a verdade”, pois esta muitas vezes é “triste”, para lá de triste, é “horrível”, “temível”, “anti-social”, sempre com tendência a destruir as ilusões (sonhos) e afectos que o homem vai construindo ao longo do tempo e criada na vivência em sociedade.
As pessoas não querem sofrer, não querem ser heróis.
Como todos sabemos apenas a razão conduz à verdade. Ela por vezes conduz-nos “à secura”, “à dúvida” e até ao sofrimento; este, por sua vez, pode levar-nos a pensar na morte. Esta morte não é uma morte natural: a que se enquadra melhor no que pretendo expôr é um suicídio construído como uma forma de dar sentido à vida.
O sentido de vida é um rumo, um caminho, uma direcção, um propósito e uma busca. Devido à fragilidade do homem, enquanto animal social e ser "composto" de matéria e espírito, perde com facilidade o rumo a que se propôs. O homem possui uma armadura externa que é a forma utilizada para gerir e dosear a sua força interior; quando esta armadura é colocada ao "fogo", porque não é tão forte quanto isso, com facilidade se deforma e contorce. No seu interior, encontramos um ser frágil, um simples ser humano, em equilíbrio débil, cheio de medos, com pavor da dor. Nestes momentos, alguns de nós, pensam e até acabam por desistir, recusam determinados e sem forças a dor, o sofrimento, o sem sentido e acabam mortos de vida e para a vida.
Mas afinal somos homens ou "ratos"? O ser humano é um ser racional e muito eficiente, mas quando está perante este tipo de problemas age como irracional (rato). O ser pensante, como é chamado o homem, tem de percorrer um determinado caminho e este caminho é de luta para que possamos seguir em frente, sem cair.
Se o homem, por outro lado, aceita (mas não deseja) viver uma vida de ficção, onde a verdade não vigora, se aceita a mentira e ainda acrescenta algo mais, isso significa que é nessa fantasia que ele acredita poder ser feliz: por isso é que o homem necessita de mentir; a verdade exige a necessidade das pessoas raciocinarem, justificarem o injustificável, analisarem e, mesmo depois dessa análise, muitas das vezes sobra a desconfiança: se esta permanecer, cria medos nas pessoas - vão continuar angustiadas e infelizes. Então para quê dizer a verdade?
Se ainda há pessoas que não conseguem viver com a mentira, há outras que não conseguem viver com a verdade. Se observarmos por este lado, a verdade é uma e é aquilo e aquilo mesmo. A mentira tem a "vantagem" de poder ser ajustada e modificada de modo a proporcionar um pacote fácil de felicidade às pessoas: vantagem para a mentira? Não! Acaba por se revelar uma armadura ainda mais débil, contorcida sobre o seu portador, tortura permanente do ser frágil que somos.
Cátia Serrano 11º