A vida, o sentido e o absurdo.

Sentido é um termo polissémico. Digo que estou sentido se me sinto atingido, afectado ou até triste; presto atenção a alguém que me pede que tome sentido ao que diz. Sei por intuição e bom-senso que coisas há que fazem sentido e outras que não fazem sentido nenhum; falo também de sentido quando sinto, recebo sensações pelos sentidos. Sentido pode ser ainda significação e orientação. Não posso esquecer ou minimizar estes ou outros sentidos do sentido, quando procuro um sentido para a vida: é talvez a situação de encruzilhada onde me redefino e redimensiono na minha condição humana, onde convoco todas as metáforas que me ajudam a encontrar um sentido para o sentido da extraordinariamente complexa realidade a que chamo vida: ali, entre o absurdo e o meu projecto.
A vida, enquanto existência fenoménica e acontecimento, levanta um mar de problemas filosóficos, tantos, que se torna fácil afirmar - como já disseram muitos - “que o mais incompreensível da vida é que ela seja compreensível”. Absurdo? Existencialmente, a proximidade do absurdo, possibilita-me a perigosa proximidade do abismo, do misterioso, do desconhecido. É o meu limite; pode também ser o princípio do caminho.
F.Lopes