Comentar um Texto Filosófico

"Leitura impressiva.

Antes de comentar um texto filosófico é necessário primeiro lê-lo. Começa por fazer uma primeira leitura repousada, sem preocupações técnicas. Não se trata de saber o significado de todas as palavras ou frases, mas apenas de apreender a ideia geral, o problema que está a ser abordado pelo autor. De que é que ele está a falar?

Leitura explicativa.

Nesta segunda leitura, procura saber o que diz o texto, sem te preocupares já com a questão da validade ou não das suas afirmações do autor, ou das suas relações deste texto com outros sobre a mesma temática, etc. Trata-se de entender o significado das palavras e das frases utilizadas pelo autor. Nesta tarefa podes e deves recorrer a Dicionários ou Historias da Filosofia. Dialogar com o professor sobre o assunto.
Precisar a ideia central do texto e algumas das questões que a mesma envolve: é importante que faças um resumo desta ideia com as tuas próprias palavras, tentando identificar o(s) problema(s) que o autor abordou e as respostas a que chegou.

Leitura compreensiva.
 
Nesta leitura não se trata apenas de apreender a ideia central do texto, mas de compreendê-lo no seu conjunto.
Como é que o autor pensa. Como desenvolve o tema ? Que ideias secundárias apresenta ? Como justifica as suas posições ? Quais as ideias que procura refutar ?
Nesta fase é fundamental elaborar um esquema dos passos seguidos pelo autor no desenvolvimento do tema. Este pode ser realizado com base em frases do próprio autor, de esquemas gráficos, quadros sinópticos, etc.

O nosso ponto de vista.

Quais as ideias que consideramos principais e secundárias? Cada leitor não deixa de ter a sua própria perspectiva do texto, de acordo com as suas vivências, saberes, etc .Este facto traduz-se em diferentes perspectivas sobre o mesmo assunto, contribuindo desta forma para uma compreensão mais ampla e multifacetada do próprio texto.

Comentário crítico.

Entramos na última fase. Existem muitas formas de fazer um comentário crítico. Passos recomendados : contextualizar o texto. Relacionar o texto com outros textos, criando um verdadeiro diálogo intertextual. A quem pertence e em que época viveu? Quais as ideias do seu tempo? Qual o lugar da texto no conjunto da Obra do autor? Em que contexto histórico foi escrita? Que circunstâncias históricas rodearam a sua elaboração? O texto dialoga com que ideias do seu tempo? etc. É fácil perceber que muitas destas questões podem ser colocadas logo no início, no meio ou no fim da Leitura do texto. Em todo o caso, devem ser repensadas no final.

Avaliar o texto.

Com base nos elementos anteriores, deve analisar-se agora a própria relevância do texto. O que é que ele trouxe de novo ? O que é que avança em relação ao pensamento de filósofos anteriores ou contemporâneos? Os argumentos expostos são convincentes ? Possuem lacunas e incoerências ? Que valor tem estas ideias para o nosso tempo? Ao longo deste processo estamos sempre a incorporar as nossas próprias ideias sobre o assunto, nomeadamente pela forma como destacamos umas questões em vez de outras, como encadeamos as perguntas, etc.

Elaborar um comentário escrito sobre o texto.

Munidos destes elementos e reflexões, estão aptos a explicitar o nosso ponto de vista sobre o texto de uma forma fundamentada.
As fases acima referidas foram inspiradas na obra de A. Klappenbach sobre o estudo e o comentário de textos filosóficos."
Carlos Fontes