Ética e ambiente

"Falar de Ética do Ambiente, ou das relações entre a ética e a ecologia, é antes de mais reflectir sobre as relações entre o comportamento humano e as consequências dessa intervenção sobre o ambiente, que de um modo geral se identifica com o conceito de natureza, ou ambiente natural.
Efectivamente a relação do Homem com a natureza conheceu uma enorme alteração ao longo dos tempos. Inicialmente os homens estavam de tal modo expostos aos seus ritmos que o único objectivo que ambicionavam era a simples sobrevivência. Posteriormente a evolução da técnica permitiu ao Homem não só resistir às suas agressões como também em colocar as energias naturais ao seu serviço das necessidades de transformação dos recursos naturais. A modernidade trouxe consigo uma nova postura: já não se tratava de utilizar a natureza em seu proveito mas de a dominar, subjugar.
A actividade humana começou, assim, a ter um impacto sem precedentes na natureza, cujas consequências ainda que não totalmente previsíveis, afiguram-se dramáticas. Refira-se a poluição decorrente do consumo energético que tem como matéria prima o petróleo e o carvão com a consequente contaminação do ar, nas terras, nos rios, lagos e oceanos. A agricultura intensiva que polui terras e cursos de água, as enormes quantidades de óxido de carbono libertadas para a atmosfera com o consequente efeito de estufa, a destruição da camada de ozono (neste momento, e felizmente, em retrocesso), e desflorestação nomeadamente da floresta tropical, com a consequente desertificação e erosão dos solos. É igualmente bastante preocupante a extinção de inúmeras espécies animais e vegetais, cujo desaparecimento é irreversível. É neste contexto e no quadro da ética ambiental que surge uma nova noção tanto a nível filosófico como no âmbito do jurídico: os direitos das gerações vindouras. Começou-se, portanto, a ter uma noção clara de que os malefícios que a acção humana provoca no ambiente têm uma duração que ultrapassa uma ou duas gerações, e que a sua grandeza estão muito para além da capacidade regeneradora da natureza. Em última instância é a sobrevivência da própria humanidade e dos restantes seres vivos que está em causa. Este novo conceito, o dos direitos das gerações futuras, levanta interessantes questões filosóficas, às quais Hans Jonas, citado por Michel Renaud, procura responder através daquilo a que chama o Principio da Responsabilidade. Este princípio é formulado como um novo imperativo no qual cada homem deve agir de modo a que os efeitos da sua acção sejam compatíveis com a permanência de uma vida verdadeiramente humana na Terra. Deste modo o desenvolvimento e o crescimento das sociedades deverão ser levados a cabo de um modo sustentável, levando em consideração, por exemplo os seguintes aspectos: os recursos renováveis não devem ser utilizados a um ponto que exceda a capacidade do sistema de se renovar; os recursos não renováveis só deverão ser utilizados se paralelamente se desenvolverem alternativas; os resíduos e emissões de gases não devem ser superiores à capacidade de o ecossistema tem para os assimilar."

in: http://www.eticus.com/