Dia da Terra - Um pretexto para a reflexão ecológica

"Amanhã, 22 de Abril, celebra-se o Dia da Terra.
O Dia da Terra foi criado pelo activista ambiental Gaylord Nelson e foi celebrado pela primeira vez a 22 de Abril de 1970, e tem a finalidade de criar uma consciência comum aos problemas da poluição, da conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra.
Em Portugal, a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, relembra nesta data a importância da cidadania e de toda a sociedade em assumirem comportamentos e políticas que assegurem uma cada vez melhor qualidade de vida das populações, sem prejuízos agravados para as futuras gerações, preservando e inclusive reabilitando os valores naturais.
Infelizmente, para além da insustentabilidade financeira de muitos projectos desenvolvidos em Portugal nos últimos anos, os custos ambientais para a conservação da natureza têm sido também enormes. As auto-estradas com pouco tráfego atravessando áreas sensíveis, as vias que estimularam o uso do automóvel com consequente poluição, as barragens com um rendimento muito limitado mas que destruíram património único, as urbanizações e empreendimentos turísticos em zonas de solos produtivos ou ecologicamente relevantes, são exemplos de um desenvolvimento não sustentável.
O consumo actual de recursos naturais ultrapassa em 50% a capacidade do planeta suportar e regenerar esses recursos, sendo uma tendência que tem mantido uma trajectória de crescimento contínuo. A pegada ecológica do planeta duplicou desde 1966, porque a pegada de carbono (uma das suas componentes) aumentou 11 vezes desde 1961. Contudo, existem grandes diferenças entre os países do mundo relativamente à pegada ecológica, devido ao seu nível de desenvolvimento económico e social (WWF, 2010). Cerca de um sexto da população mundial é responsável por quase 80% do consumo mundial em termos de bens e serviços. Actualmente, 75% das pessoas à escala mundial consome um décimo em comparação com um cidadão europeu médio (Worldwatch Institute, 2010).
É necessária uma mudança radical no modo como as empresas desenvolvem os seus negócios. As bases dos lucros e perdas, do progresso e da criação de valor têm de ser redefinidas para considerar os impactes ambientais a longo prazo e o bem-estar pessoal e social. Os preços deverão reflectir todas as externalidades de produtos e serviços (custos e benefícios) e as empresas têm de procurar uma maior eficiência na aquisição de materiais, concepção de produtos, produção, marketing e distribuição.
A economia tem de criar emprego suficiente, aumentando ao mesmo tempo, a produtividade do trabalho. A criação de sistemas de produção de bens em circuito fechado e em rede têm de impulsionar a indústria e reduzir a necessidade de extracção de recursos primários. Os sistemas em circuito fechado deverão passar a utilizar os resíduos como recursos, eliminando a sua deposição no solo, no ar ou na água.
Para os mercados globais, a sustentabilidade passará pela atribuição do valor real às externalidades associadas (como os impactes ambientais dos seus produtos e serviços e o benefício dos serviços prestados pelos ecossistemas naturais), a valorização das boas práticas ambientais pelas empresas e a preferência dos consumidores por bens e serviços com menores impactes ambientais e maior valor acrescentado.
Neste dia é mais uma vez importante realçar as acções nas diferentes áreas de promoção para um desenvolvimento sustentável."

Fonte: Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza