Ecologia e direitos humanos

De acordo com os resultados obtidos pelo estudo da Gallup International, a população mundial é praticamente unânime nas suas críticas aos governos no que concerne à protecção do ambiente. Dois terços dos cerca de 1,25 mil milhões de inquiridos representados no maior painel mundial até hoje realizado, diz que os governos fazem muito pouco para resolver os problemas ambientais no seus países. Apenas em cinco deles (Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia) a maioria concorda numa apreciação positiva quanto à actuação dos respectivos governos.
Uma das principais conclusões deste painel refere a crescente preocupação pelo meio ambiente no seio dos eleitores, já que em apenas três países (Arménia, Camarões e Hong Kong) uma pequena maioria de 56% da população considerou que o crescimento económico é mais importante do que a protecção do meio ambiente. Porém, nos países onde a população se sente insatisfeita tanto com o governo como com a situação do ambiente, exemplo das economias sob influência da ex-União Soviética, as pessoas tendem a preferir o crescimento económico.
Questionados acerca da satisfação em relação ao estado geral do ambiente nos respectivos países, quatro em cada cinco cidadãos referem que estão insatisfeitos ou muito insatisfeitos, como é o caso do Chile, Arménia, Coreia do Sul, Ucrânia, Peru, Paquistão e Hungria. Também na Rússia, Cazaquistão, Equador, República Dominicana e Colômbia as populações sentem-se igualmente muito descontentes, com três em cada quatro inquiridos a expressarem essa insatisfação.
Não constituirá novidade que o ambiente se encontra mais ameaçado nos países em desenvolvimento por comparação com a Europa ou a América do Norte. O que este estudo revelou, porém, é que as populações das economias emergentes estão plenamente conscientes desta ameaça e começam a estar entre as nações mais críticas relativamente às iniciativas governamentais neste campo.
No que respeita aos direitos humanos, o panorama é igualmente desencorajador. Em termos gerais, a parte do mundo onde a insatisfação parece ser menor é a Europa Ocidental. Porém, este facto não impede que dois em cada três cidadãos acredite que os direitos humanos nem sempre são completamente respeitados nos seus países.
Os problemas mais graves parecem ocorrer na América Latina. Aqui, menos de uma em cada oito pessoas crêem que os direitos humanos são respeitados integralmente, cerca de um terço afirma que eles não são respeitados de todo e pouco mais de metade (56%) acredita num respeito parcial. O país com o testemunho mais pessimista é a Colômbia, onde dois terços dos inquiridos admitem que eles não são respeitados. De forma semelhante, os africanos e os europeus de leste têm uma confiança extremamente baixa na observação geral dos direitos humanos nos seus países.
Pelo contrário, o país com mais altos índices de confiança é a Holanda, onde praticamente 70% da população é da opinião de que aqui eles são cumpridos integralmente. A seguir à Holanda, aparecem países como o Luxemburgo, a Noruega, a Dinamarca e a Alemanha. Por estranho que os observadores ocidentais possam considerar, os cidadãos de Singapura - onde as sanções incluem castigos corporais -, mostram-se bastante satisfeitos com a observação dos direitos humanos no seu país.
No entanto, é de sublinhar que em muitos países da Europa Ocidental e da América do Norte os cidadãos sentem que os direitos humanos não são completamente respeitados em várias áreas, nomeadamente no que respeita à discriminação das mulheres, referida por uma elevada proporção de cidadãos norte-americanos, e à discriminação racial, mencionada frequentemente pelos respondentes britânicos.

in www.apagina.pt