O défice educativo - novo ministro da Economia a propósito da Educação

"Os problemas de competitividade da economia nacional são agravados por um grave défice educativo, ou do capital humano, como se diz em jargão económico. Porquê? Porque, na sua forma actual, o nosso sistema educativo condena cerca de 40% dos alunos das novas gerações a uma educação claramente insuficiente, porque a qualidade da nossa educação é, em média, manifestamente inferior à registada em outros países da OCDE, e porque ainda continuamos a patentear atrasos estruturais significativos em relação aos restantes países europeus. Ao deixar ficar para trás dezenas de milhares de alunos todos os anos, ao nivelar por baixo o grau de exigência escolar, ao não promover a excelência e sentido de crítica dos(as) alunos(as), o nosso sistema educativo contribui para a permanência de uma produtividade ainda relativamente baixa, para o acentuar e o perpetuar das desigualdades sociais, bem como para uma baixa competitividade das nossas exportações. Com efeito, há poucas dúvidas que o nosso sistema educativo é, cada vez mais, um verdadeiro factor de descompetitividade da economia nacional. Este facto é muito preocupante, pois vários estudos empíricos têm demonstrado inequivocamente a importância do capital humano não só para o crescimento económico, como também para a atracção do investimento estrangeiro, e até para o próprio dinamismo do sector exportador."
Álvaro Santos Pereira, Portugal na Hora da Verdade, 2011


A opção pelo centralismo e uniformidade cria obstáculos à qualidade do ensino. Asfixia a criatividade das escolas, conduz ao desperdício de tempo na acomodação das constantes alterações legislativas ao serviço do conceito de revolução educativa permanente e dificulta a criação de dispositivos organizacionais adaptados às necessidades locais.
Ramiro Marques