Argumentum (sobre a argumentação)

“Qualquer pessoa que pense realmente que, na ausência de um processo automático de decisão, as questões da verdade são vazias ou ilegítimas, está pura e simplesmente a aceitar a tese positivista auto-refutante segundo a qual as únicas verdades são as que podem conclusivamente ser estabelecidas como verdadeiras.”  Thomas Baldwin


Argumentar é defender uma ideia, opinião, ponto de vista, tese, procurando fazer com que nosso ouvinte/leitor a aceite, creia nela.
Numa argumentação distinguem-se três componentes:
- a tese (a ideia a defender, necessariamente polémica pois só assim se justifica a divergência de opiniões);
- os argumentos (as razões e justificações - do latim "argumentum" significa "fazer brilhar", "iluminar", "ser arguto");
- as estratégias argumentativas (uso das técnicas na “montagem” do discurso - recursos verbais e não-verbais utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para o impressionar, para o convencer melhor, para o persuadir mais facilmente, para ganhar credibilidade).
Uma boa argumentação é feita a partir de pequenas coisas encontradas diariamente - basta pensar que na nossa vida levamos imenso tempo a tentar convencer outras pessoas de que estamos certos. Os argumentos devem ter um fundamento, não devemos afirmar algo que não provenha de estudos ou informações previamente adquiridas e confirmadas. Os exemplos dados devem ser coerentes com a realidade, isto é, podem até ser fictícios, mas não podem ser inverossímeis. Se houver necessidade de citar pessoas ou trechos de textos, os mesmos devem ser escolhidos com propósito, não se devendo citar qualquer pessoa ou texto. Teremos que imaginar sempre as questões, dúvidas e pensamentos contrários aos nossos quanto à sua argumentação, para que a partir deles construamos argumentos sólidos, fundamentados em mais estudo e pesquisa.
A argumentação não trabalha com factos claros e evidentes, mas investiga fcatos que geram opiniões diversas, sempre em busca de encontrar fundamentos para identificar a opinião mais coerente.
Não se deve, numa argumentação, afirmar a verdade ou negar a verdade afirmada por outra pessoa: o objectivo é fazer com que o leitor concorde e não feche os olhos a possíveis contra-argumentos.
Em caso de necessidade podemos ainda fazer comparação entre ângulos de visão a respeito do assunto em causa - isso poderá ajudar no processo de persuasão, pois não dará tanta margem para contra-argumentos. Há que tomar muito cuidado para não nos contradizermos e sermos claros: para isso é necessário um bom domínio do assunto e a convicção de que estamos a defender o melhor.
F.Lopes