Objectividade
é aquilo que o conhecimento científico procura atingir. Mas será que algum dia
se pode por via científica chegar à realidade? Ou à verdade?
Muitos
filósofos o negaram. Em particular Kant,
que, como sabemos, dizia que o nosso conhecimento só nos dá as coisas tais como
elas nos aparecem e não tais como são, porque irremediavelmente conhecemos as
coisas através das nossas faculdades de conhecimento e estas estão investidas
de formas a priori dentro das quais são recebidos e enformados os dados
recolhidos pelas sensações.
Mas
o que se entende por objectividade e até que ponto a ciência é objectiva?
Objectividade
é o que se opõe à subjectividade,
isto é, aos factores subjectivos (psicológicos, emocionais, individuais).
Assim,
a objectividade científica alcança-se na medida em que se obedece a um conjunto
de requisitos protocolares de método e teoria com os quais se mune aquele que
vai investigar um dado conjunto de fenómenos.
Por
isso se pode dizer que a ciência consegue ser objectiva à custa de isolar
artificialmente os aspectos do fenómeno que pretende estudar e de, em certo
sentido, "criar o fenómeno".
Para
a ciência moderna, a objectividade do conhecimento consiste na determinação das
qualidades mensuráveis e quantificáveis do fenómeno, por conseguinte, no estudo
das propriedades matemáticas e geométricas e não das qualidades ou propriedades
sensíveis.
Objectividade
não é, por conseguinte, aquilo que está de acordo com os factos ou com a
observação espontânea, mas aquilo que está de acordo com a essência do fenómeno
enquanto este é pensado racionalmente.
Por isso, a ciência não pretende chegar a saber o que é a essência das coisas
ou o que as coisas são em si mesmas. Ela trata das relações [...] entre os
fenómenos na medida em que tais relações são mensuráveis ou quantificáveis. […]
A
natureza do cientista não é a natureza do nosso viver quotidiano.
R. CHAUVlN,
Deus das formigas, Deus das estrelas