A verdade da ciência - um devir constante

A utilização do método nos vários campos da ciência, embora já tenha sido considerada um elemento preponderante, é actualmente relativizada e até minimizada, uma vez que a produção científica não depende exclusivamente do trabalho de investigação dimensionado de acordo com uma metodologia, mas sim do rigor da análise e da abrangência da interpretação.
O conhecimento contemporâneo visa o estudo das condições de possibilidades da acção humana que se projecta no mundo a partir de um determinado espaço e tempo. Por essa razão, é um conhecimento que se constitui sempre a partir de uma pluralidade metodológica. E como nem sempre a realidade a ser estudada é ordenada e sistemática, a tarefa da análise consiste em seleccionar o que é importante para uma compreensão mais ampla e abrangente do fenómeno estudado, sem se restringir à questão metodológica.
Tal atitude baseia-se no fato de que, actualmente, qualquer pretensão para determinar critérios gerais de racionalidade ou mesmo qualquer imposição quanto a uma regulamentação metodológica rígida comum a todos os campos científicos parece cada vez mais inexequível, já que a única unidade comum a todas as práticas científicas deve ser o compromisso que estabeleçam com a busca da verdade, mesmo que esta seja relativa, histórica e provisória. Mas uma verdade pode ser relativa, sem deixar de ser verdade.
Assim, o conhecimento científico jamais pode atingir a verdade absoluta ou definitiva, já que a ciência nos fornece apenas um conhecimento provisório, em contínuo processo de rectificação. Por essa razão, nenhuma teoria científica pode ser encarada como verdade última ou como saber definitivo, já que ela é sempre questionada e questionável.
Luís Carlos L. da Silva in Kínesis, Vol. II, n° 03, Abril-2010