Para me lembrar...



“Nunca pense nos alunos como o inimigo.
O seu trabalho é lutar por eles, e não contra eles”
Ramsey


“Os nossos pais fizeram um trabalho muito melhor que o nosso. Nós podíamos contestar os valores que nos ensinavam mas ao menos ensinavam-nos valores. Essas coisas ficaram connosco para sempre, fizeram de nós quem somos, foi ou não foi? Nós agora deixámos de ter valores para ensinar aos nossos filhos. O que é que a gente lhes ensina? O que é que nós ainda lhes dizemos que é sagrado? O que é que nós ainda lhes impomos como limites? Que modelos é que lhes damos de modéstia, de honestidade e de, olha, pronto, de compaixão que é uma palavra que já nem deve vir no dicionário?”
Clara Pinto Correia
 
 
“Em primeiro lugar, eu acho que se deve fazer uma grande diferença entre instruir e educar. Instruir é um parente do verbo construir. Nós vamos dando, na medida em que podemos instruir alguém ou alguma coisa, nós vamos dando o tijolo com que ele vai fazer o seu próprio edifício à sua vontade. Instruímos. E também não é por acaso que a palavra aluno é um particípio passado de um verbo que se deixou de empregar e significa o alimentado. O aluno é aquele que nós alimentamos.
A origem da palavra alimentar e aluno é exactamente a mesma, não é? E o outro é instruir. Ao passo que educar já tem o elemento que significa conduzir. É parente dessa palavra. E até possivelmente o elemento de reduzir. De maneira que quando passamos do instruir para o educar, nós não estamos a dar tudo o que é necessário para ele construir o edifício à sua maneira, segundo o seu gosto, mas estamos sempre a ter o perigo de reduzir o que ele era para o habituar aos nossos costumes, para ele viver na nossa sociedade. Há outra maneira de fazer? Nenhuma outra. Estamos nesta sociedade que tem determinadas características. Evidentemente que o que temos que fazer é proceder de tal maneira que ele não fique um estranho dentro dessa sociedade."
Agostinho da Silva, RTP, entrevistado por Joaquim Letria