A Ciência e a Bioética

“Estou cada vez mais convencido de que os problemas cuja urgência nos prende à actualidade exigem que nos desprendamos dela para os considerar a fundo”.
Edgar Morin

A Bioética é uma nova abordagem de carácter pluridisciplinar que procura tomar decisões à luz dos valores éticos para uma gestão responsável da pessoa Humana, da sua vida e da sua morte no mundo em que os progressos técnicos permitem uma intervenção cada vez maior no biológico. Assim, a Bioética surge como uma nova expressão do Humanismo, isto é, como uma nova modalidade de valorização e protecção do Humano. Simultaneamente estuda também os problemas que esse  progresso suscita quer ao nível micro-social quer ao nível da sociedade global e as repercussões que esse progresso tem sobre a sociedade e seu sistema de valores. É pois uma troca de saberes que encarando a vida numa perspectiva ética questiona o sentido do progresso quando confrontado com a dignidade da pessoa.
Na realidade o progresso dos conhecimentos científicos é um bem. Representa uma resposta do Homem ao apelo que lhe está inerente de ser cocriador do Mundo.
Conhecer, investigar, interrogar-se sobre a origem das coisas e de si próprio faz parte do exercício da liberdade que integra a essência da humanidade (BISCAIA, 2003).
A bioética poderá ser no futuro a verdadeira ciência da preservação da identidade do Homem e da sobrevivência da vida, se persistir em ser uma ética, um aprofundamento do sentido do bem ou do dever na acção Humana. Assim sendo, não podemos prescindir da bioética sob o risco de sucumbir frente aos novos poderes e de nos demitirmos do nosso destino (NEVES, 2001).
Se não tivermos presente esta perspectiva, o progresso científico pode conter o gérmen de uma corrosão interna que acabará certamente por desvirtuar o próprio Homem. Isto só não acontecerá se ele se mantiver ao serviço da vida Humana considerada não unicamente como vida biológica mas como vida relacional e por isso vida da pessoa (BISCAIA, 2003).
João R. D. F. Nogueira, Rui P. C. Loureiro, Ernestina Mª V. B. Silva in http://www.ipv.pt