A polissemia da Arte

Malangatana Valente
"A representação do corpo na criação artística contemporânea multiplica-se e desdobra-se como metáfora do homem, convertendo-se num conceito dinâmico, encaminhando-o para a expressão de si mesmo, de si ante o mundo, transformando-se em gesto, movimento, grafismo ou performance, como forma de comunicar simultaneamente o corpo, o mundo e a arte. Na actualidade o corpo da arte, tal como o individuo, é uma espécie de mutante, assume identidades ambíguas, retalhadas e múltiplas, transgredindo fronteiras do seu ser, do seu parecer, do seu encenar, em corpos sem órgãos ou órgãos sem corpos que estabelecem relação com outros, preconizando diálogos por espaços vazios, intervalos e silêncios. A arte assume a polissemia do individuo e da comunicação em obras abertas, que pressupõem passagens por diversas leituras, remetendo o espectador para um papel activo na construção de imagéticas, entre o que é dado a ver e o que esta oculto, de modo explicito ou intuitivo, como pressuposto artístico."
Teresa Silva in bdigital.ufp.pt