Três condições necessárias para o conhecimento - Aires de Almeida

Os verbos conhecer e saber são sinónimos e costumam ser utilizados de três maneiras diferentes. Na frase «a Ana sabe nadar», o termo «sabe» serve para atribuir à Ana uma determinada competência ou capacidade; por sua vez, na frase «a Ana conhece o primeiro-ministro» o termo «conhece» significa que a Ana é capaz de identificar alguém (ou algo), ou também pode significar que ela tem ou teve algum tipo de contacto com essa pessoa (ou coisa); finalmente, na frase «a Ana sabe que Paris é a capital da França», o que se afirma que a Ana sabe é algo que tanto pode ser verdadeiro como falso. Neste último caso, o que vem a seguir a «sabe que» é uma outra frase que exprime uma proposição. Este é o sentido proposicional de «conhecer», que é objecto de estudo da Epistemologia. Não existe uma definição satisfatória de «conhecimento», mas há pelo menos três condições necessárias que, em geral, os filósofos aceitam: não há conhecimento sem crença; a crença tem de ser verdadeira; além de verdadeira, a crença tem também de ser justificada. Quer isto dizer que não podemos conhecer algo em que não acreditamos; que não podemos conhecer falsidades; e que não há conhecimento se as nossas crenças, apesar de verdadeiras, não forem justificadas.
Almeida, A. (2003). Conhecimento. In Aires Almeida (Org.). Dicionário escolar de filosofia. Lisboa: Plátano editora, p. 42.