A tipologia das acções em Kant

Acções Conformes ao Dever, mas feitas por Interesse.
Exemplo: um comerciante honrado pratica preços justos, sejam os seus clientes experientes ou não. Contudo, é o seu interesse pessoal (adquirir boa reputação para aumentar o número de clientes e os lucros) que o motiva a cumprir o dever de ser honesto. Age bem (cumpre o que é devido), mas não o faz por dever. Cumprir o dever não é o único e exclusivo motivo que esteve na base da sua decisão.
Acções Conformes ao Dever, mas feitas por Inclinação Imediata
Exemplo: uma pessoa caridosa gosta de ajudar os outros quando estes precisam.É uma bela alma, um coração generoso, o seu temperamento inclina-a para tais actos. Contudo, Kant avisa-nos de que não devemos deixar-nos iludir por esta ocasional coincidência entre a inclinação e o dever ao ponto de pensarmos que sentimentos afectuosos conferem valor propriamente moral às nossas acções.
A pessoa caridosa cumpre o dever porque lhe agrada ajudar os outros. O seu objectivo é ajudar o próximo. Por que razão adopta tal objectivo? Porque lhe agrada ajudar. É esse o motivo fundamental que a leva a cumprir o dever. É guiado pelos seus desejos e não pela pura e simples representação do dever.
Acções feitas por Dever
Conservar a vida quando ela parece sem sentido e um peso insuportável, quando o suicídio é uma tentação a que é difícil resistir, eis uma acção praticada por dever.Essa pessoa diz a si mesma: "Devo continuar a viver porque esse é o meu dever." A acção é feita dever, não é feita nem por inclinação imediata nem por interesse pessoal.
À vontade que age por dever dá Kant o nome de boa vontade. O que torna a vontade boa? A acção que pratica? Não. Os resultados que consegue? Não. Aptidão para alcançar esses resultados? Não. Kant diz que a boa vontade é boa pelo querer - pelo que a determina ou motiva para agir (o respeito absoluto pelo dever) -, embora ser bem-sucedida não seja, de modo algum, de desprezar.
Se ao agirmos determinados por uma boa vontade fracassamos ou somos impedidos de levar a cabo a nossa boa intenção, isso em nada desvaloriza a acção. Não é pelas consequências de uma acção que avaliamos a sua moralidade. A intenção, o modo como cumprimos o dever, é o critério decisivo na avaliação moral de uma acção e da vontade que a decidiu.
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