Os pensadores que constituem teorias éticas não criam novos códigos morais. Procuram fundamentar racionalmente as normas morais concretas, isto é, tentam descobrir ou mesmo propor um princípio supremo da moralidade, a partir do qual possam deduzir o que é moralmente correcto ou incorrecto em cada situação concreta.
Por outras palavras, há uma grande diversidade de normas morais e cada teoria ética procura reduzir essa variedade a um só princípio geral. Assim, se, por exemplo, disser que uma acção só é moralmente válida se cumprirmos o dever por dever, estou a instituir como princípio supremo da moral idade o respeito absoluto pelo dever. A partir deste princípio geral é-me possível determinar em cada acção concreta não propriamente se ela cumpre o código moral vigente, mas sim se há adequação entre ela e o princípio que a reflexão ética elegeu como fundamental.
A validade ou não-validade moral das acções humanas foi avaliada diferentemente ao longo dos tempos pelos vários pensadores. A diferença reside no critério ou princípio supremo da avaliação moral que escolheram ou justificaram. As diversas teorias éticas podem ser englobadas em dois grandes grupos: o das éticas materiais e o das éticas formais. As éticas materiais são as doutrinas ou teorias que põem o acento tónico no conteúdo ou na matéria da acção livre. Por outras palavras, a validade moral de um acto é determinada, não pela intenção com que agimos, mas pelo que fazemos, pelo que da acção resulta. As éticas materiais estabelecem que a acção moral deve procurar realizar um determinado fim ou bem (a felicidade, o prazer, entendidos de diferentes maneiras), ou seja, é a acção que constitui um bom meio para o fim em vista. Escolhemos como representante deste tipo de concepção moral a ética de Stuart-Mill para a confrontar com a ética kantiana.
As éticas formais, ou mais propriamente a ética de Kant, porque é a única estritamente formal, define que a validade moral de uma acção não está propriamente no que se faz, mas na forma como fazemos o que fazemos, isto é, no modo como agimos, na intenção que preside aos nossos actos. A ética kantiana não estabelece qualquer fim exterior à acção moralmente boa. Bem pelo contrário,afirma que a acção moralmente boa tem o seu fim em si mesma, vale, não pelo dever que cumpre, mas pela forma como procura cumprir o dever.
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