Predicados para um político capaz. Ética na vida política.

Avolumam-se, e avolumar-se-ão ainda mais, a tricas e as tiradas políticas entre sujeitos de partidos oponentes. Algo que, em política, considero terrível e reprovável, principalmente a quem tem a obrigação de dar o exemplo. São várias as situações que leio, e por vezes ouço, de políticos que, para se afirmarem, recorrem, sem recato, à agressão verbal dirigida aos seus rivais. Outras vezes, é a sua própria praxis que se torna incorrecta e desadequada, tão-pouco suspeita. Nada mais lamentável!
Engana-se quem pensa que esta mensagem é dirigida aos políticos da minha praça. Não é. Tenho pelas pessoas que conheço a melhor consideração. Importa-me apenas elevar o discurso e o modo da acção, fazendo-os sobressair do perigoso lodo da tentação da baixa-política e afirmar uma determinada praxiologia.
Pois bem, não dizendo quais os procedimentos que cada um deve ter em política, relevo os predicados que cada político capaz deve possuir para o exercício de governo de uma qualquer comunidade ou nação. Resumidamente, descrevo o que entendo por lucidez, coragem, visão estratégica, ambição, sensibilidade social, trabalho e ética, e o porquê da sua indispensabilidade num político que se considere capaz. A exigência ética a todos nos vincula.
Lucidez, porque sem ela não é possível captar a percepção do mundo e das coisas que o rodeiam; porque, na actividade de qualquer político, exige-se perspicácia e transparência, ganhando credibilidade (n)o jeito das suas funções; porque ser lúcido implica poder ser verdadeiro e realista; porque ser lúcido é poder focar-se no que mais importa.
Coragem, porque se exige audácia e habilidade para enfrentar resistências e oposições; porque com coragem é possível confrontar o medo, a incerteza ou a intimidação, permitindo-lhe ir mais além; porque com coragem é possível ultrapassar preconceitos ideológicos, assegurando-lhe a confiança necessária para as suas acções.
Visão estratégica, porque com visão estratégica consegue-se aliar o sonho (a meta) ao modo de o conseguir alcançar, antecipando os melhores trajectos para esse mesmo percurso; porque dispor de visão estratégica significa ser capaz de idealizar o futuro, melhorando os objectivos e o desenvolvimento da sua área de incidência funcional.
Ambição, porque sem ela perde-se a aspiração e a motivação; porque a ambição representa desejo, empenho, resistência, conquista e crescimento; porque a ambição representa exigência pessoal e desassossego na obtenção de patamares superiores de existência.
Sensibilidade social, porque a vida moderna exige atenção e proximidade aos que nos rodeiam; porque com sensibilidade social consegue-se valorizar, de modo especial, as atitudes e as emoções de quem mais precisa; porque com sensibilidade social é mais fácil garantir a construção de uma sociedade menos desigual, mais justa e solidária.
Trabalho, porque é o trabalho que está na origem da riqueza dos povos; porque é com o trabalho que se progride e se constrói a obra desejada; porque do trabalho se extrai prazer pessoal e se confere aos que dele beneficiam. 
Ética, porque, acima de tudo, qualquer político precisa ter carácter no modo como imprime a sua conduta; porque o exercício da acção política é sempre passível de referência para cada cidadão, individualmente considerado, e para a vida colectiva; porque a ética situa o comportamento político, por referência ao seu quadro de valores morais e sociais, de forma aceitável e defensível, logo genuíno e credível. 
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