O posicionamento crítico de K. Popper: o desenvolvimento e o progresso

A objectividade científica é sempre aproximada : a verdade é sempre relativa a um determinado estado do desenvolvimento científico; não há métodos concludentes e uma das características fundamentais do conhecimento científico é a sua revisibilidade.
Popper procura responder à crise de objectividade que atravessa a ciência, defendendo que o importante não é verificar ou demonstrar a veracidade das hipóteses. O cientista, na sua óptica, deve ter uma nova atitude e essa consiste em considerar que não há certezas inabaláveis/indestrutíveis. O espírito científico é anti-dogmático por natureza e isso pressupõe toda a abertura possível à discussão, à descoberta de erros e inconsistências nas teorias, à assunção plena das incertezas: por isso, a procura da verdade não se faz, (como tradicionalmente se pensava na ciência clássica), pela verificação das hipóteses e teorias, mas pela sua falsificação - o que implica a descoberta de erros e corroboração - que implica a sua resistência aos testes, isto é, quando, após realizados, não foi demonstrada a sua falsidade. Na perspectiva deste epistemólogo, a verificação por testes só serve para corroborar ou falsificar as teorias: a ciência é uma reconstrução racional permanente na qual as teorias são como “redes” que o cientista lança para “capturar o mundo”: racionalizá-lo, compreendê-lo e dominá-lo. As teorias são, por isso, conjecturas (especulações do espírito criativo da ciência) que devem ser constantemente postas à prova. Uma teoria corroborada é aquela que que resiste às refutações depois de ter sido intensamente testada, o que não significa que as verificações sejam concludentes/definitivas/conclusivas; se assim fosse, não existiria progresso e este é uma das marcas distintivas da ciência. A ciência só avança na medida em que põe em causa conhecimentos anteriormente adquiridos e nisso consiste o ideal da refutabilidade.
Não há, por isso, acumulação de conhecimentos ; as novas teorias são aceites quando permitem explicar melhor um maior número de problemas: o erro deve ser assumido como um factor dinâmico de progresso e não como factor alheio à ciência, ou que contribua para a sua estagnação. A estagnação é própria dos espíritos autoritários e dogmáticos e todo o verdadeiro cientista é aquele que assume que a verdade é o limite inalcançável para onde caminha toda a investigação.
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