
Mas ainda se pode pensar que a pergunta é relativamente fácil.
Certamente que a Ciência é apenas a tentativa de entender, explicar e prever o mundo em que vivemos. Esta é sem dúvida uma resposta razoável. Mas será completa? Afinal, as várias religiões também tentam entender e explicar o mundo, mas a religião não é geralmente considerada um ramo das ciências. De modo semelhante, a astrologia e a adivinhação são tentativas de prever o futuro, mas a maioria das pessoas não descreveria estas actividades como ciências.
Muitos acreditam que a característica distintiva da Ciência consiste nos métodos específicos que os cientistas usam para investigar o mundo. Esta sugestão é bastante plausível, pois muitas ciências empregam de facto métodos de investigação que não encontramos em disciplinas não científicas. Um exemplo óbvio é o uso de experiências, que historicamente marca o ponto de viragem no desenvolvimento da ciência moderna. No entanto, nem todas as ciências são experimentais – os astrónomos não podem, obviamente, fazer experiências com os céus, mas têm de se contentar com a observação cuidadosa. O mesmo é verdade de muitas ciências sociais.
Outra característica importante da Ciência é a construção de teorias. Os cientistas não se limitam a registar os resultados das experiências e observações numa lista de entradas – querem geralmente explicar esses resultados em termos de uma teoria geral. Um dos problemas-chave da Filosofia da Ciência é compreender como é que técnicas como a experimentação, a observação e a construção de teorias têm permitido aos cientistas desvendar tantos segredos da Natureza.
Samir Okasha, Filosofia da Ciência