Filosofia, Arte e Ciência - modos de pensar

Esquematicamente podemos dizer que o virtual corresponde à Filosofia e ao plano de consistência do conceito, o actual corresponde à Ciência e ao plano de referência da função, e o possível corresponde à Arte e ao plano de composição da sensação. Estes diferentes modos de pensar e de confrontar o caos, não são mais do que a constatação do caos como uma realidade em si. Pensar, é dar consistência ao caos. Não uma relação de exclusão, mas pelo contrário, de inclusão. Pensa-se contra o caos, mas também com o caos, uma vez que, para Deleuze, pensar e ser são uma e mesma coisa. Desde o ser vivo à obra de arte, há uma autoposição do criado. Por isso, recortar o caos, torná-lo consistente, é conferir-lhe uma realidade própria. É conferir-lhe uma objectividade e uma autoposição. A Filosofia precisa de uma não-Filosofia, tal como a Ciência e a Arte. O caos torna-se Pensamento, adquire uma realidade enquanto Pensamento ou "caosmos" mental. A arte, a Ciência e a Filosofia são portanto os três Caóides, as três formas de pensamento e as três formas de recortar e de criar o caos. Sobre cada plano que recorta o caos produz-se uma realidade própria, um anti-caos objectivo. Assim, segundo Deleuze e Guattari, sobre o plano de imanência produz-se a Filosofia, sobre o plano de consistência, a Ciência e sobre o plano de composição, a arte. A junção destes três planos chama-se «cérebro». Mas Deleuze e Guattari advertem: o cérebro não constitui a unidade entre as três formas de realidade que são a arte, a Ciência e a Filosofia. O cérebro não é senão a sua conexão, a sua carta, o seu mapa: o cérebro é um Eu, um «Eu concebo» filosófico, um «Eu refiro» científico, ou um «Eu sinto» artístico.

Catarina Pombo Nabais in cfcul.fc.ul.pt/