Lógica e validade

A lógica não se interessa pela totalidade do sistema pensamento/discurso, mas antes por um seu aspeto específico: a dimensão validade (correção ou coerência). Os outros aspetos, como o esquema mostra, são tratados por outras disciplinas.
Uma definição possível de lógica é que ela "é o estudo da razão na linguagem ou o estudo do discurso racional" (G. Hottois) 
Mas tal definição presta-se a confusões. Com efeito, ela engloba em si tanto o estudo do pensamento, da atividade da razão como o estudo do efeito persuasivo do discurso. Só o primeiro aspeto diz respeito à lógica propriamente dita; o segundo diz respeito à retórica ou à teoria da argumentação. 
De forma mais rigorosa, poderá dizer-se que à lógica (no sentido moderno de lógica formal) interessa a análise das operações da razão enquanto estruturadoras do pensamento: à lógica interessa o estudo das estruturas lógicas (estruturas formais) que regulam o exercício do pensamento.
Deste modo, a lógica analisa as formas ou estruturas do pensamento, independentemente do seu conteúdo, apresentando-se, por isso, como uma disciplina puramente formal.
Compete-lhe o "estudo das formas de raciocínio, independentemente do conteúdo do raciocínio" (F. Grégoire). 
A lógica estuda "as condições formais de verdade" (J. Piaget).
Das definições anteriores ressalta como fundamental a distinção entre o plano formal (lógico) do pensamento e o plano material (ou do conteúdo – relação pensamento/realidade.
Na sequência de uma tal distinção, importa distinguir também entre a validade formal e a validade material do pensamento.
Validade formal – o ponto de vista lógico (ou da validade formal) diz respeito à relação de coerência interna ou de não-contradição do discurso (dos raciocínios ou do encadeamento discursivo dos raciocínios).
Um raciocínio é formalmente válido quando nele não há uma impossibilidade lógica (quando não há contradição na sua estrutura discursiva)
O raciocínio é (formalmente) válido apenas pela sua forma (estrutura lógica) independentemente do conteúdo (da validade material das proposições que o constituem).
Do ponto de vista formal, os elementos constituintes do raciocínio (as proposições) não são nem verdadeiras nem falsas, mas apenas "fórmulas variáveis indeterminadas" às quais se exige que mantenham entre si uma relação de coerência lógico-formal (dedutiva).
Validade material – A questão da "validade material" não diz respeito ao raciocínio, mas às proposições/juízos que o constituem.
Se, do ponto de vista formal, os raciocínios são corretos ou incorretos, do ponto de vista material, os juízos (as proposições) são verdadeiros ou falsos.
A questão da validade material (verdade) diz respeito, não à lógica formal, mas antes à metodologia e à epistemologia.
in 11cesaf.files.wordpress.com