O hip hop - por Afonso Carvalho

"Boa tarde!
Parto do princípio que todos nós, presentes e ausentes, ouvimos música: seja para relaxar após um longo dia de escola, quer em momentos de tristeza e desespero, ou quando as únicas palavras de conforto que escutamos vêm da boca do cantor(a) que escolhemos ouvir. Pois bem, e quanto ao tipo de música que ouvimos, terá isso alguma relação com a personalidade de cada um de nós? Se ouço jazz, isso faz de mim uma pessoa mais "culta" que as outras? Se ouço algo mais pop, serei apenas um "ouvinte barato"? Se ouço heavy metal então quem eu louvo é "Satanás"? E se ouço hip hop, o que é que eu sou? - um toxicodependente, um hipócrita egoísta que só quer fama, dinheiro e mulheres? Está na altura de acabar com os preconceitos no que toca aos vários estilos de música existentes. Neste caso vou falar dos preconceitos para com o hip hop.
Estereótipos, no hip hop, é o que não falta. Se o que eu ouço é rap então isso faz de mim um indivíduo violento e perigoso para a sociedade, pois o que eu sei fazer é andar aí às "facadas e vender droga" em todos os cantos da cidade. É assim que grande parte das pessoas olha para os rappers e para quem os ouve e idolatra.
Mas não é assim que as coisas são! Antes de "julgarmos" um qualquer género musical, devemos primeiro conhecer, ouvir e conviver com ele.
Na vida existem duas faces: a face má e a face boa. E muitas vezes, quando cuidamos que a face má é a predominante, estamos enganados: sim! Há rappers milionários. Sim! Há rappers envolvidos em problemas com a lei! Mas isso não lhes tira a credibilidade de serem apenas artistas que querem dar a conhecer o seu trabalho ao mundo e lucrar de modo a poder sustentar a sua vida e a vida da sua família, do seu grupo, da sua comunidade. Não nos esqueçamos que muitos rappers vêm de zonas bastante pobres e de fraca condição! Não nos esqueçamos que muitos deles tiveram um passado que, comparado com os nossos, fazem de nós as pessoas mais sortudas do mundo! E eles agora são artistas musicais como todos os outros.
Alguns deles também são activistas e com o seu trabalho mostram a sua visão para um mundo melhor, tentando sensibilizar os seus ouvintes e espalhar a mensagem.
Está na altura de ignorar os "yoh" e os "yeah" e prestar atenção à mensagem da música, pois isso sim, é algo a ter em consideração: é um estilo com pouca melodia, mas a riqueza das palavras pode superar isso - e não é fácil passar uma determinada mensagem através de rimas. Todos ouviram falar do Eminem: não é à toa que ele, actualmente, é considerado o melhor rapper do mundo. Não é pelo dinheiro que tem (mas que trabalhou para ter, tal como todos nós iremos fazer no futuro); é  pela forma como toca o coração das pessoas que o ouvem, pelos efeitos que causa - seja compaixão, compreensão, ódio, revolta,.. o que for! E tudo isso se deve à mensagem das suas músicas e à maneira como ele as constrói.
O rap também salva vidas, não é só o rock ou o pop: às vezes só precisamos de alguém que sinta o que estamos a sentir e nos diga o que fazer. Nos diga como erguer a cabeça, como superar todas as adversidades, sem deixarmos de ser quem somos. E a música está lá para isso. E o hip hop é música, é cultura, é uma inspiração.
E agora, citando o Eminem: "Dizem que a música pode alterar o teu comportamento e falar contigo. Mas poderá carregar uma arma e dispará-la também? Se pode, então da próxima vez que assaltares alguém, apenas diz ao juíz que a culpa foi minha, e eu serei processado."
Afonso Carvalho - 11º ano - Texto lido em sala de aula (tpc a propósito do texto argumentativo)