
A moral tradicional do liberalismo económico e político habituou-nos a pensar que o campo da ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de cada indivíduo. Também nessa tradição, a organização do sistema económico-político-jurídico seria uma coisa "neutra", "natural", e não uma construção consciente e deliberada dos homens em sociedade. Por isso, habituamo-nos a julgar que “não é parte da minha responsabilidade ética a situação do desempregado, do faminto, do imigrante, do fracassado na escola..., só porque esses males não foram produzidos por mim directamente”.
Um sistema económico-político-jurídico que produz estruturalmente desigualdades, injustiças, discriminações e exclusões de direitos, é um sistema eticamente mau, por mais que seja legalmente (moralmente) constituído. Consequentemente, o facto de existirem injustiças sociais obriga-nos (a todos) eticamente a agir de modo a contribuir para a sua eliminação.
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