O sistema económico é o factor mais determinante de toda a ordem (e desordem) social. É o principal gerador tanto dos problemas, como das soluções éticas. O fato de o sistema económico parecer ter vida própria, independente da vontade dos homens, contribui para ofuscar a responsabilidade ética dos que estão no seu comando. O sistema económico mundial, do ponto de vista dos que o comandam, é uma vasta e complexa rede de hábitos consentidos e de compromissos reciprocamente assumidos, o que faz parecer que sua responsabilidade ética individual não exista.
A globalização (falsa universalidade) do sistema económico cria a ilusão de que ele seja legítimo. As multidões crescentes de desempregados, famintos e excluídos, entretanto, são a demonstração dessa ilusão. A moral dominante do sistema económico diz que, pelo trabalho, qualquer indivíduo pode ter acesso à riqueza. A crítica económica diz que a reprodução da miséria económica é estrutural. A ética diz que, sendo assim, exigem-se transformações radicais e globais na estrutura do sistema económico.
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