
Pensar no discurso é pensar nas entrelinhas; é tentar desbastar uma floresta espessa, para encontrar o que se esconde por trás de camadas de discurso introjetadas, ao longo dos anos, nas cabeças das pessoas. Não importa a profissão, todos nós passamos por essa experiência que, justamente por ser tão suave, é imperceptível. A experiência de ser objeto do discurso, acreditando ser sujeito. Muitos conceitos e análises foram vistos aqui, para despertar a vontade de pensar nesses discursos diários, quase que ininterruptos, com os quais convivemos. Foram vistos, também, visando provocar a percepção para as falas do silêncio - que muito nos dizem - e para o poder da palavra. A palavra, uma forma especial de comunicação, além de diferenciar o homem dos animais, é um fogo devorador. Pode causar guerras e evitar conflitos, pode ser motivo de sucesso ou fracasso de um empreendimento, pode ser fator de estímulo ou de desânimo. Pode fazer girar o mundo ou emperrá-lo. Platão dizia que o conhecimento da palavra leva ao conhecimento das coisas. Não é sem razão, portanto, que a linguagem é condição de poder, de domínio – muitas vezes, um domínio quase que imperceptível, não violento, suave como o sussurrar do vento, mas avassalador em sua essência, capaz de produzir grandes coisas, como um furacão impetuoso.
Rita de Cássia Marques Lima de Castro in bocc.ubi.pt