AMUSA - Comunicado - “municipalização do museu de Aveiro”


COMUNICADO

A Direcção da Associação dos Amigos do Museu de Aveiro (AMUSA), logo que tomou conhecimento do processo de negociação de um protocolo entre o Secretário de Estado da Cultura e o Presidente da Câmara de Aveiro com vista à transferência da gestão do Museu de Aveiro para a edilidade aveirense, manifestou a sua profunda preocupação e fundada não conformação com esta medida.
A Direcção da AMUSA, pelas razões aduzidas junto das entidades responsáveis e publicitadas num anterior comunicado, entende que o Museu de Aveiro deve ter o estatuto de Museu Nacional e ser enquadrado organicamente na estrutura e sob a tutela da Direcção Geral do Património Cultural e, assim, integrado no quadro de políticas e estratégias gerais e de complementaridade para os museus nacionais.
Convicta da bondade do seu entendimento, esta Direcção desenvolveu várias diligências com o intuito de fazer vingar a sua posição e assim reverter o processo em curso, sendo de destacar:
· Cartas (2) ao Senhor Presidente da Câmara de Aveiro;
· Cartas (2) ao Senhor Secretário de Estado da Cultura;
· Carta ao Senhor Primeiro Ministro;
· Cartas aos Grupos Parlamentares;
· Reunião com o Senhor Presidente da Câmara de Aveiro;
· Reunião com o Senhor Secretário de Estado da Cultura;
· Reunião com deputados aveirenses que se mostraram interessados e preocupados com o assunto;
· Lançamento de uma petição pública;
· Contactos pessoais com personalidades dos mais variados quadrantes.
Na reunião havida com o Senhor Secretário de Estado da Cultura, no passado dia 22 de Maio, esta Direcção foi informada de que o processo negocial se encontra na fase de ultimação e que se avizinha a data da assinatura do protocolo contratual.
A Direcção da AMUSA não questiona a política de descentralização do Governo nem a capacidade gestionária desta Câmara, mas, no caso concreto do Museu de Aveiro, considera a decisão de transferência de poderes de gestão desta Instituição centenária para o Município inconsistente, despropositada, errada e seguramente não portadora de mais-valia para o crescimento, estabilidade e reconhecido prestígio granjeado pelo Museu na comunidade cultural local, nacional e internacional.
A Direcção da AMUSA não conhece quaisquer fundamentos e critérios científico-culturais e organizacionais que sustentem esta decisão de submeter o Museu de Aveiro a precários experimentalismos descentralizadores na área da cultura museológica, sendo sua convicção ser esta motivada por infundados propósitos meramente economicistas.
Tanto mais estranha é esta opção quanto é sabido que o Museu de Aveiro tem recebido prémios de excelência pelo seu relevante património material, imaterial e edificado, é uma referência nacional e internacional pela singular e excepcional colecção do barroco nacional e pelos tesouros nacionais que incorpora, tem sido objecto de inúmeros testemunhos abonatórios de quantos o visitam, é um dos museus de arte com o maior número de visitantes no cômputo geral dos museus nacionais, é, em suma, uma estrutura incontornável no panorama museológico português…
Razões pelas quais entendeu a Direcção da AMUSA tomar posição contra esta inusitada medida e vir publicamente dar nota da sua intensa actividade a favor da recolocação do nosso Museu no lugar estatutário (Nacional) e tutelar (DGPC) que merece, bem como alertar os amigos do Museu, sócios ou não sócios desta Associação e aveirenses em geral, para a complexidade, gravidade e perigosidade da materialização da anunciada medida de municipalização.
A Direcção da AMUSA, e neste contexto premente de defesa dos interesses que entende serem os maiores para este museu, com particular reflexo no crescimento e valorização de Aveiro, cultural e turístico/financeiro, lamenta que os aveirenses não se tenham globalmente manifestado (nomeadamente através da participação na Petição Pública lançada) e inteirado desta situação, apelando esta Associação para que visitem o nosso excepcional museu pois só poderemos gostar daquilo que conhecemos e seguramente terão uma óptima surpresa.
A Direcção da AMUSA mantém-se particularmente atenta ao evoluir deste quadro e animada do propósito de defesa deste valor superior do património cultural aveirense, o Museu Nacional de Aveiro, porque não, Museu Nacional de Santa Joana.

Pela Direcção da AMUSA

O Presidente
Lauro Amando Ferreira Marques, Engº