
Roubam-me Deus,outros o Diabo
— quem cantarei?
roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
— quem cantarei?
sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
— quem cantarei?
roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
— aqui del-rei!
Jorge de Sena 3/6/1952