A Ideia de Bem

Ao contrário dos sofistas, para os quais tudo dependente em última instância de interesses particulares, Platão concebe toda a sua filosofia em torno de um ideal supra humano: a ideia de Bem.
1.O Bem, o Belo, o Uno e o Ser são as quatro ideias que Platão colocou acima de todas as outras ideias e das quais todas provém. Todas elas se implicam entre si, como se fossem aspectos de uma mesma coisa. 
2. A ideia de Bem é o fim para que tende todo o ser vivo. O bem é o fundamento da teoria do conhecimento, mas também da ontologia. 
3. A ideia de Bem é comparada na República com o Sol, cuja luz torna os objectos da natureza visíveis, conferindo-lhes importância, valor e beleza. O Bem é desta forma aquilo que dá o ser aos objectos do conhecimento.
4. O Bem e o Belo proporcionam ao cosmos a sua ordem, medida e unidade. No Timeu afirma: "Tudo o que é bom é belo. Ora, o belo não é desprovido de medida, de modo que um ser vivo, destinado a ser belo, deve ter-se por proporcionado...". 
A estrutura do cosmos, concebido de forma concêntrica, está organizada segundo o princípio do Bem e do Belo. Na terra superior moram os deuses, os sábios e os bons. Na intermédia vivem aqueles procuram melhorar as suas almas. Na terra inferior estão os que expiam as suas culpas, ou sofrem eternamente aqueles que são considerados irrecuperáveis. 
O bem do individuo está incluído no bem da cidade, este deve espelhar o bem do mundo, o bem exemplar. Mais acima ergue-se modelo ideal, o Bem supremo do mundo das ideias. 
5.A finalidade de todos os seres é atingirem a perfeição, o mesmo é dizer o Bem. 
Moral.A vida humana só tem sentido em vista da procura do Bem. O homem para o atingir tem que se libertar de todas as imperfeições da sua alma. 
Política.A cidade deverá ser organizada e governada segundo princípios comuns à moral e à política: a ideia de bem. Trata-se de subtrair a política ao empirismo, ás flutuações do tempo, ligando-a a princípios eternos, imutáveis. É por esta razão que Platão deduz da Ideia de Bem as leis e a organização ideal da cidade. O regime político ideal - a República platónica - pretende furtar-se ao tempo, ao devir. A sua política não é uma descrição dos fenómenos políticos, mas o estudo normativo dos princípios teóricos pelos quais se deve reger o governo dos homens. O que interessa a Platão não é ver como são os Estados empíricos, mas determinar o que deveriam ser . Na República propõem-se definir como deve ser o Estado Ideal.
O que permite avaliar a acção de um político, não são as suas obras materiais (arsenais, muralhas, etc), mas a melhoria da alma que proporcionou aos cidadãos.
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