Homem, animal político

Assim, a família é uma comunidade formada de acordo com a natureza para satisfazer as necessidades quotidianas.(…) Por outro lado, a aldeia é a primeira comunidade formada por várias famílias para satisfação de carências além das necessidades diárias. A aldeia parece ser, por natureza e no mais elevado grau, uma colónia de lares. (…) A cidade, enfim, é uma comunidade completa, formada a partir de várias aldeias e que, por assim dizer, atinge o máximo de auto-suficiência. Formada a princípio para preservar a vida, a cidade subsiste para assegurar a vida boa.
É por isso que toda a cidade existe por natureza, se as comunidades primeiras assim o foram. A cidade é o fim destas, e a natureza de uma coisa é o seu fim, já que, sempre que o processo de génese de uma coisa se encontre completo, é a isso que chamamos a sua natureza, seja de um homem, de um cavalo ou de uma casa. (…)Estas considerações evidenciam que uma cidade é uma daquelas coisas que existem por natureza e que o homem é, por natureza, um ser vivo político.
Aquele que, por natureza e não por acaso, não tiver cidade será um ser decaído ou sobre-humano. (…) É evidente que a cidade é, por natureza, anterior ao indivíduo, porque se um indivíduo separado não é auto-suficiente, permanecerá em relação à cidade como as partes em relação ao todo. Quem for incapaz de se associar ou que não sinta essa necessidade por causa da sua auto-suficiência não faz parte de qualquer cidade, e será um bicho ou um Deus. 
Aristóteles in Política pg 51-52