O cérebro e a Superação por Bernardo T. Cerveira

Desde cedo se pensou que o nosso cérebro vinha já com o pacote completo de neurónios à nascença. Com a aprendizagem, estes começariam a conectar-se uns com os outros. Os que não eram utilizados morreriam num fenómeno denominado apoptose (morte celular programada), bem ao estilo da famosa obra de Charles Darwin, na teoria da “Origem das Espécies”.

Fred Gage- neurobiólogo Americano defende que no hipocampo- zona do nosso cérebro responsável pela memoria e aprendizagem, novos neurónios florescem a cada necessidade- a isto se chama neurogénese.
Terry Sejnowski, professor Norte-Americano no estado do Ohio, leciona neurose computacional e inteligência artificial e levou a cabo uma investigação nunca antes feita. Colocou um rato dentro de um espaço amplo no qual lhe era permitido mover-se e interagir com alguns objetos.
Passados alguns dias foram avaliadas as conexões entre os neurónios do seu Hipocampo tendo-se verificado que estas estariam 2 vezes mais fortes que anteriormente.
Surge então o paralelismo que me levou a escrever este artigo: O Desporto.
Um ambiente rico e diverso é extremamente importante tanto na jovialidade como na idade adulta. Superar-se a cada dia, sair da sua zona de conforto e lidar com novas situações vão enriquecer as suas conexões cerebrais.
Não sabe o que oferecer ao seu cérebro? Provavelmente o exercício físico é o “presente ideal”. À semelhança do ambiente enriquecido, o exercício físico vai igualmente estimular os novos neurónios e permitir que estes sobrevivam e se desenvolvam.
Nunca sentiu que quando corre, ou anda de bicicleta, ou até mesmo quando braceja numa qualquer piscina, o seu cérebro o acompanha a cada braçada de novas ideias, incentivando-o a ser mais e melhor? A isto se chama Superação da Performance.
Existem obviamente alturas em que o nosso cérebro não está disposto a colaborar connosco, ou seja, existem períodos críticos no desenvolvimento cerebral, mas não desista, continue a lutar, os resultados surgirão num ápice.
Por último e para não me alongar muito neste meu primeiro texto, reforçar que um dos estudos mais fundamentados do século XX e XXI está relacionado com a perceção da profundidade binocular. A visão de um dado objeto no espaço é normalmente provida pelos dois olhos, simultaneamente, daí o nome binocular.
Incrivelmente 6% da população mundial tem problemas ao tentar transpor uma bidimensionalidade para uma tridimensionalidade direta. É nos primeiros dois anos de idade que este fenómeno do córtex visual é desenvolvido.
Sue Berry, médica em Princeton, escreveu “Fixing my gaze- a jornada de um cientista para ver a três dimensões”.Esta incrível investigadora, resolveu um caso fora do período critico (um paciente com mais de dois anos de idade) através da realização de exercícios específicos. Contrariando o estudo acima citado.
A aprendizagem e o treino são ferramentas que pode dominar e usar para melhorar qualquer área da sua vida. Pense no que pode alcançar se estiver disposto a utilizar todos os recursos que tem à sua disposição. Agarre esta oportunidade. Confie em si!
Bernardo Trindade Cerveira