Ano Internacional do Entendimento Global (IYGU)

Mação e Coimbra vão coordenar todas as atividades que vão decorrer em Portugal ao longo de 2016, no âmbito do Ano Internacional do Entendimento Global (IYGU), anunciou Luiz Oosterbeek, membro da organização.
O grande objectivo é estimular políticas inovadoras que respondam aos grandes desafios globais, como as mudanças climáticas, a segurança alimentar, as migrações ou as alterações climáticas.
O início oficial do Ano Internacional será a 2 de fevereiro, com uma cerimónia em Jena, na Alemanha.
Em Portugal, o “Regional Action Centre” do IYGU para a Península Ibérica e o Sudoeste Europeu está sedeado no Instituto Terra e Memória (ITM), em Mação, e no Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, sob a coordenação da professora Helena Henriques, da direcção do CGeo.
Oosterbeek, que coordena a partir de Mação, é presidente do Instituto Terra e Memória, pró-presidente do Instituto Politécnico de Tomar, membro da direcção do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, secretário-geral do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (Unesco, Paris) e membro da Comissão Internacional de Coordenação e do Conselho Científico do Ano Internacional do Entendimento Global (Jena, Alemanha), onde está Benno Werlen, um dos principais mentores do IYGU, e que o mediotejo.net também entrevistou.
Confirmadas estão, para já, as Jornadas de Arqueologia e Património Ibero-americano, que vão decorrer de 6 a 8 de março, em Mação e Tomar, e que juntarão pessoas de dez países europeus sob o mote “Arqueologia, Ciência, Direito e Educação para o Entendimento Global”, englobando, entre outras, conferências Luso-Brasileiras para debate de Direitos Humanos na Sociedade da Informação, a Arqueologia e o Património face às mudanças globais, um colóquio Ibero-americano que versará o tráfico de antiguidades, direitos culturais e posse privada dos bens da antiguidade, além de debates sobre matrizes sociais, paisagens culturais, gestão integrada dos territórios, e métodos e desafios para a sustentabilidade local e o entendimento Global.
“Construir pontes entre os pensamentos globais e as ações locais” são objetivos do IYGU (sigla da designação em inglês), evento que vai decorrer ao longo de 2016 em quatro continentes e em mais de 50 países, para “pensar a sustentabilidade do planeta”, destacou o secretário-geral do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas, Luiz Oosterbeek, membro coordenador da iniciativa.
Organizado pelo Conselho Internacional de Ciências (ICSU), Conselho Internacional das Ciências Sociais (ISSC) e Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH), o grande propósito do IYGU, segundo Luiz Oosterbeek, “é a promoção de um melhor entendimento sobre o impacto global das ações locais, para estimular políticas inovadoras que respondam aos desafios globais, como as mudanças climáticas, a segurança alimentar ou as migrações”.
Segundo o investigador português, professor de Arqueologia do Instituto Politécnico de Tomar, o foco principal das atividades a decorrer ao longo deste ano será o de “perceber como integrar os conhecimentos científicos nos estilos de vida, tornando-os mais sustentáveis”, a par de projetos de investigação, programas educativos e campanhas de informação.
“O IYGU é um ano de grande reflexão mundial para pensar o que correu mal, em termos de sustentabilidade global, e o que se pretende é que toda a sociedade discuta e perceba melhor o que está em causa, apontando e definindo caminhos”, frisou Oosterbeek, também responsável pelo Museu de Arte Pré-Histórica de Mação, tendo observado que o projeto “visa ir mais além do campo restrito da proteção ambiental e das políticas sobre o clima”, abordando os temas da qualidade de vida e da sustentabilidade, e o uso dos recursos locais no longo prazo.
A secretaria-geral do IYGU, em Jena, na Alemanha, coordenará os cerca de 50 Centros de Ação Regional (CAR) mundial, uma rede estabelecida em locais como Mação e Coimbra, em Portugal, mas também Tóquio, Washington, São Paulo, Tunis, Moscovo, Roma, Pequim, Cidade do México, Nijmegen, Hamilton, Bamako e Kigali.
“Somos muitos e todos nós temos problemas e dificuldades comuns, como o facto de as pessoas ainda não perceberem bem qual é a relação entre os nossos comportamentos, nos diferentes locais, e a realidade global”, notou Oosterbeek.
“Só a mudança de atitudes individuais pode levar à mudança da ação coletiva, cujo resultado será a melhoria do sistema na escala global”, defendeu, tendo observado que o IYGU “vai tentar dar passos para chegar a propostas concretas de atuação no plano local, articulando-as com a escala global”, defendeu o investigador.
Para Oosterbeek, “não se deve esperar por uma série de proclamações ou evidências demonstradas, antes muita discussão, participação, muitas dúvidas e muita vontade em transformar para melhor a situação que estamos a viver. Que não é manifestamente brilhante”, lembrou.
Mário Rui Fonseca in mediotejo.net