Linguagem e simbolismo

(Texto em Português do Brasil)
Designa-se o ser humano como homo sapiens sapiens. Justamente o fundamento da possibilidade da linguagem reside no caráter racional dos seres humanos. O homem não fala porque tem língua, mas sim inteligência. O homem se manifesta como um ser que fala precisamente por que tem inteligência e conhece. Mas não basta com a racionalidade para expressar o específico do homem. Como o termo razão não basta para abarcar toda a riqueza da vida cultural do homem. O que distingue também o homem dos animais irracionais é sua capacidade de converter em signo tudo o que toca, sua capacidade simbólica: o homem é um animal symbolicum. (...) Graças à linguagem, à religião e à ciência, os seres humanos construíram um universo simbólico que lhes permite entender e interpretar, articular e organizar, sintetizar e universalizar sua experiência. Na linguagem o homem descobre seu poder inusitado, a capacidade de construir um mundo simbólico.
É notável a importância dessas reflexões, pelas quais se recupera o mundo propriamente humano diante da tirania do saber que se constitui pelas ciências experimentais. A filosofia clássica expressava algo parecido ao que afirmava Cassirer quando explica que a linguagem é continuatio naturae. (...) Ao transcender pelo espírito o mundo natural, o homem se abre mais além do natural, ao mundo ao mundo simbólico. O homem é mais que natureza e continua construindo um mundo não natural, o mundo dos símbolos. O ser humano está no mundo cultivando-o e ao fazê-lo continua o mundo.
Professor José Josivan Bezerra de Sales in circape.qualinfonet.com.br