Porque é que eles têm tanto sucesso?

O colega do lado é um idiota mas consegue sempre o que quer do chefe. Porquê? Porque os "sacanas" têm mais poder de argumentação e são mais eficazes a fazerem-se ouvir, como confirmam dois estudos.
Aquele chefe é tão irritante mas consegue sempre levar a ideia dele avante. Chegamos a chamar-lhe “idiota” baixinho, entre dentes, mas o que ele quer, como ele quer, acaba sempre por ser feito. Este traço do dia-a-dia laboral é agora explicado pela ciência: os “jerks” (idiotas, sacanas, palhaços) são os mais eficazes a fazer vingar as suas ideias.
No estudo fica claro que esta conclusão não tem nada a ver com inteligência ou criatividade, sublinham os investigadores. Está relacionada, sim, com assertividade, poder de argumentação e eficácia na passagem de mensagens. Eis a parte científica da investigação, publicada na Research Digest: 200 pessoas submeteram-se a uma série de testes de personalidade e de capacidade cognitiva. Todos trabalharam sozinhos durante 10 minutos numa solução para um problema de marketing. Depois, juntaram as mesmas pessoas em grupos de três e pediram-lhes para passarem 20 minutos a discutir um problema de marketing.
Resultado: quando trabalharam sozinhos, não havia grandes diferenças em termos de criatividade nas respostas. Mas era em grupo que se destacava uma tendência: os chamados “sacanas” eram aqueles que conseguiam que as suas ideias ficassem na resposta final. Eram os mais “agressivos” e os mais “perspicazes” com a sua opinião. Além disso, perante uma crítica, conseguiam responder de forma “inteligente e criativa” sem se deixarem abater pela recusa. “Os ‘sacanas’ não ficavam tão em baixo perante a possibilidade de que alguém não gostasse das suas ideias”, esclarece o Business Insider.
Um exemplo destes “jerks” é Steve Jobs, exemplifica a The Atlantic. O “génio” que criou um gigante da tecnologia e o “arrogante” que gritava com os empregados e os humilhava pelo seu trabalho. Este lado do homem da Apple é, aliás, retratado no filme mais recente sobre a personagem. No fundo, os “jerks” não têm um QI acima da média. São simplesmente eficazes a fazerem-se ouvir. Mesmo quando o mundo parece estar contra eles.
Catarina Marques Rodrigues in observador.pt