A acção como espaço para a liberdade do agente: o homem, agente criador

O homem é um ser limitado no que diz respeito às suas possibilidades de acção, quer isto dizer que todos temos a experiência dos limites e obstáculos que se interpõem à realização de muitos dos nossos desejos e projectos. Em suma, todos nós conhecemos entraves quando, muitas vezes, pretendemos actuar. Os acontecimentos, o mundo natural e biológico, espaço físico e biológico, o corpo, a hereditariedade, opiniões alheias, o hábito; constituem, por isso, condicionantes à nossa acção livre.
Mas (...) o homem é apesar de tudo um ser livre e com capacidade de superar esses obstáculos e limites. Deste modo, ao sentir-se limitado, quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista histórico-cultural, soube criar formas de compensar a sua pequenez e inferioridade.
Neste sentido, a liberdade surge como capacidade que o homem tem de tomar racionalmente decisões acerca dos actos que quer praticar e de ser capaz de os realizar autonomamente, isto é, sem obedecer a qualquer coacção. Com efeito, a liberdade é um facto e é porque se abre sempre ao ser humano um campo de possibilidades a cada momento, que o leva a transcender-se, a superar-se. O homem é capaz de se construir a si mesmo e de construir mundos para habitar.
O homem é um ser inacabado e sempre a caminho, em permanente auto-construção, como tal depara-se com uma multiplicidade de caminhos que exigem dele uma escolha. Ao eleger um, rejeitando outros possíveis, tal implica o uso da sua liberdade e é neste trajecto feito de escolhas que cada um se vai construindo e delineando a sua vida. Assim, cada um de nós é o resultado das escolhas que faz e valores que tem.
No entanto, o homem, para além desta capacidade de se auto-construir, tem também o poder de modelar o mundo que o rodeia. De facto, cada ser humano é capaz de, pela ciência e técnica, criar coisas que lhe facilitam a vida e permitem evoluir. A evolução e o progresso são, justamente, provas de que o homem dispõe de possibilidades de acção, que atestam o exercício da sua liberdade. O homem é, sem dúvida, um ser livre, ou como afirma J.Paul Sartre, “O homem está condenado à liberdade.”
A liberdade não é, pois, um mito, na medida em que cada homem, independentemente dos obstáculos e limites que se lhe interpõem, possui sempre uma margem para a exercer.
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