Ética animal e ética da vida

O conhecimento dos tratos dispensados aos animais nas diversas práticas que eles são utilizados implicam uma mudança ética, em que pesem as diferenças entre animais humanos e animais não-humanos. São diferentes direitos e o direito de serem tratados com igual consideração. O ser humano, durante muito tempo, somente explorou e utilizou os animais, sem considerar possível sofrimento, dando mero valor instrumental aos animais não-humanos. No modelo de sociedade antropocêntrico o ser humano explora os recursos naturais desenfreadamente, pensando em seu bem-estar, e dita uma sustentabilidade ambiental aparente. Nesse modo o que tem prevalecido é a exploração de todas as formas de recursos naturais e dos animais não-humanos. Essa relação de exploração desenfreada da espécie humana em relação aos animais não-humanos gera a insustentabilidade. A superação do antropocentrismo incorpora a efetiva preocupação com todos os recursos naturais e o respeito aos animais não-humanos. Representa a redução das práticas de exploração dos animais sem justificativa e deve ser levada como objetivo da humanidade. A utilização de animais não-humanos não é determinante para a vida humana. Essa relação guiada por especismo que o homem possui com os animais deve ser repensada. A ética animal e a ética da vida tratam destas questões, que devem ser repensadas pelos seres humanos. Pode-se considerar que, a ética da vida é mais abrangente que a ética dos animais, pois compreende de uma forma total os seres existentes no planeta terra, enquanto a ética dos animais de um modo diferente propõe a consideração moral a apenas alguns seres, estipulados por tais animalistas, como merecedores de maior proteção moral em relação a outros seres (animais invertebrados). Todos os seres humanos têm o dever ético de cuidar dos animais, pois a sustentabilidade, tomada na sua multidimensionalidade, pressupõe o equilíbrio entre todos os seres vivos, uma “ecologia integral”, com o reconhecimento do lugar do ser humano em sintonia com os demais seres. Portanto, pensar em sustentabilidade é reconhecer que os direitos humanos e dos animais são compatíveis. Reconhecer e defender os direitos dos animais contribui tanto para a superação de problemas sociais quanto para a preservação ambiental, almejando o bem comum, inclusive entre as gerações, levando em consideração a responsabilidade ética sobre tudo o que se deve uns aos outros e ao planeta que nos abriga.
Marta Luciane Fischer in https://portalseer.ufba.br