Subjetivismo e objetivismo dos valores

Será que as coisas são desejadas porque têm valor ou têm valor porque as desejamos? Por outras palavras trata-se de saber se os valores são algo de subjectivo ou se existirão critérios valorativos que possam ser universalmente aceites. Objectivismo: Para o objectivismo, os valores têm uma estrutura transcendental. São “ideias em si”, inteiramente objectivas, realidades autónomas, imutáveis e universais pois não se fundamentam na espécie humana mas em si mesmas. Isto significa que não haveria discordância quanto à apreciação de acontecimentos ou das coisas. Os valores confundir-se-iam com as próprias coisas; transformariam os “suportes” em “bens” ou “belos”. Para além disso, seriam algo válido para todos. Uma das consequências desta teoria é a de que pode e deve haver conhecimento, verdade, erro, debate e investigação no domínio dos valores. Uma outra consequência é a de que o objectivista deve ser tolerante no sentido em que pode ser o outro a ter razão quando emite um juízo de valor oposto ao seu (ou seja, porque a verdade pode estar do lado dele). Temos portanto um programa de investigação teórica sobre os valores e um plano prático de acção, baseado numa tolerância justificada em relação aos juízos de valor. Uma crítica a esta teoria consiste no argumento da questão em aberto. Este argumento insiste na distinção entre facto e valor, tentando mostrar que, mesmo na posse de todos os factos sobre uma situação ou entidade, esse conhecimento não nos permite ter a certeza de nenhum juízo de valor sobre ela. Estes, não podem ser derivados dos factos, ou seja, o ser (facto) nunca implica o dever ser (valor) Ex: “ Porque é que uma acção é boa?” o apuramento dos factos não basta, logo o objectivismo é insuficiente como explicação para o nosso pensamento acerca dos valores. Subjectivismo: Para o subjectivismo os valores são predicações. Falta-lhes uma realidade objectiva pois só existem em função da valoração. Isto significa que os valores são uma criação da liberdade puramente subjectiva da espécie humana. Os valores existem em virtude das nossas preferências, desejos e escolhas. São os meus interesses, desejos… que dão valor às coisas. Esta é a posição mais habitual, pois está apoiada na evidência empírica: a noção de belo, feio, vai flutuando ao sabor da época, dos países, das comunidades dentro de cada país, das famílias dentro de cada comunidade, das religiões, dos costumes e de pessoa para pessoa. Considera que toda a discussão é vã, porque não há, nem pode haver maneira de decidir o que é verdade acerca dos valores. Não podendo saber-se nada acerca de questões de valor e sendo qualquer opinião sobre tais questões nem mais nem menos correcta que qualquer outra, temos de ser mais tolerantes para qualquer juízo de valor, por mais diferente que seja do nosso ( ex: temos de ser tolerantes para com os valores de Hitler). Encontramos algumas objecções a esta teoria, a primeira é uma objecção de tipo lógico: ao dizermos que não há verdade nem falsidade nos juízos de valor, não podemos pretender que um juízo de valor seja imposto a todas as pessoas. Mas isto é uma contradição, acabamos de enunciar um juízo de valor que é consequência da própria teoria:”Devemos respeitar os valores de toda e qualquer sociedade ou indivíduo”. Uma segunda crítica apela aos factos ( teor empírico ). O subjectivismo defende geralmente que os nossos valores são herdados do meio cultural em que fomos criados e que é por isso que a relatividade de culturas (reflectindo-se na relatividade de valores) faz com que seja inútil discutir valores em geral, pois todos os elementos de uma comunidade adquiriam-nos da mesma maneira. Contudo, a história mostra-nos o oposto, sempre houve homens e mulheres que partindo da cultura que os criou criaram uma consciência individual que lhes permitiu criticar.
Como superar posições tão redutoras? Por mais divergentes que possam ser as nossas opiniões sobre as coisas ou o valor que lhes atribuímos, não há dúvida que há pontos fulcrais sobre os quais todos sentem necessidade de estar de acordo. O nosso dever é procurar valores Intersubjectivamente aceites e prescrevê- los de forma racional e universal, exemplo disso é a declaração dos direitos humanos aceite em mais de 130 países. 
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