Informação e conhecimento

Ser um consumidor consciente de informação e saber gerir as próprias necessidades de informação são, hoje em dia, competências essenciais que todos devem possuir. Estas competências tornam-se ainda mais críticas como resultado do aumento do volume da informação disponível e da velocidade de como esta muda. Os responsáveis pela educação, treino e formação de qualquer grau de ensino tem de possuir estas competências não apenas para o seu desenvolvimento profissional mas também para poderem ajudar, quem aprende, a adquirir estas competências. Este texto discute questões, mitos e conceitos associados com competências críticas no âmbito da Gestão da Informação. O texto descreve necessidades críticas como o aproveitar e desenvolver a habilidade humana base de lidar com informação e a utilização de ferramentas e tecnologia para recuperação de informação. São também explicados como diferentes estilos de aprendizagem afectam a pesquisa de informação. Por último são disponibilizadas as referências bibliográficas utilizadas e alguns apontadores para locais de presença na World Wide Web para a recolha de mais informação sobre os tópicos discutidos.
Demasiada informação O problema central da Gestão da Informação parece ser o excesso de informação (information overload). Tomando o exemplo da Internet (mais precisamente da World Wide Web), é cada vez mais complexo determinar a existência e localização de recursos num repositório que é caótico e destruturado. Este esforço é ainda maior por ser necessário aprender as diferentes formas de utilização e comportamento de diferentes programas disponíveis e devido ao excesso de resultados retornados, após cada pesquisa efectuada. No entanto, algumas pessoas questionam se o problema reside de facto no excesso de informação. Pode ser que o verdadeiro problema resida na multiplicidade de canais de comunicação existentes. De modo diferente de outras eras, as novas tecnologias de informação não estão a substituir mas a complementar a oferta de escolhas dos media (Gilster, 1997). A World Wide Web conseguiu remover barreiras naturais entre pessoais e informação que de outra forma nem sequer seriam detectadas. A informação chega agora a todos e de múltiplas formas. Infelizmente, a maioria das práticas de Gestão da Informação são demasiadamente lineares e específicas – foram técnicas desenvolvidas para um fluxo e não para um oceano de informação (Alesandrini, 1992). Talvez a questão não seja o excesso de informação, mas sim informação que não é utilizável ou que não possui significado. Para dominar a informação disponível é necessário entender a relação entre dados, informação e conhecimento. Dados são os factos descritos; informação são dados organizados num contexto com significado, e conhecimento são dados organizados (isto é, informação) que foi entendida e aplicada.
Um recurso como a Internet requer que o utilizador construa conteúdo a partir dos seus vastos recursos (Gilster, 1997). As pessoas podem experimentar excesso de informação porque a informação que recebem não "encaixa" nos seus modelos mentais de entendimento do mundo. Uma aproximação construtivista – interpretar nova informação em termos das estruturas de conhecimento existentes e rever essas estruturas em conformidade – pode ajudar a passagem dos modelos analógicos para o mundo digital (Gilster, 1997).
(...)
Um mito que se desenvolveu rapidamente é que a World Wide Web é uma fonte exclusiva para todas as necessidades de informação e que o segredo da Gestão da Informação é saber como navegar na Web. A sua capacidade para oferecer velocidade, quantidade e facilidade de acesso fazem da Web uma fonte de informação muito atractiva. Existe também aquilo que (Wurman, 1989) denomina "estética da sedução", isto é, a disposição gráfica que proporciona um bom aspecto à informação. No entanto, uma peça de informação desempenha o seu papel quando comunica com sucesso uma ideia e não quando essa informação é transmitida de uma forma agradável (Wurman, 1989). Porque todos podem (e parecem fazê-lo) publicar na Web, a responsabilidade para julgar a qualidade, rigor e fiabilidade do seu conteúdo é do receptor. Infelizmente trabalhos de investigação demonstraram que muita gente toma a informação adquirida através do computador como mais fiável que a informação obtida por outra fonte (Breivik e Jones, 1993). A atracção da Internet é para alguns, resultado da sua independência da autoridade (Nahl, 1998). A falta de um controlo de qualidade centralizado, a expansão e vulgarização de acesso pode ser bom para a democracia. No entanto, os Web designers podem manipular o que vemos e obtemos da Web. Desta forma, o utilizador deve estar preparado para avaliar e contestar o que obtêm da Web e julgar a qualidade e rigor das fontes utilizadas (Gilster, 1997). Adicionalmente, a Web encoraja a amplitude de temas e perspectivas tratadas em vez da profundidade do seu tratamento. Como em qualquer fonte de informação, a capacidade de conhecimento sobre a informação a pesquisar é crucial e os utilizadores devem ser avisados dos riscos de recorrer a uma única fonte. A Web pode ter eliminado o especialista mas não a necessidade de o consultar. De igual forma, fontes alternativas tradicionais não devem ser negligenciadas.
A resposta é conhecer as questões correctas O problema da Gestão da Informação possui tanto aspectos tecnologicos como humanos a ter em conta. A solução exige uma abordagem dupla: tecnológica – criar ferramentas melhores e fazer bom uso delas – e humana – rever modelos mentais e moldar a capacidade para a reflexão e análise crítica. A competência base para um alto grau de instrução de pesquisa de informação é o desenvolvimento do hábito de pensamento crítico e utilização de ferramentas de rede para reforçar esta forma de pensar (Gilster, 1997). Algumas estratégias para descobrir o caminho através do "nevoeiro" de dados inclui o seguinte: (1) ser o próprio filtro de informação, descartando fluxos de dados não necessários; (2) ser o próprio editor, questionando se a informação disseminada pelo próprio é absolutamente necessária a outros; (3) usar "lentes" de grande abertura e de zoom, isto é, obter uma visão geral e outra de pormenor; e (4) conhecer o próprio estilo de aprendizagem e como este afecta a abordagem à pesquisa de informação (Alesandrini, 1992) e (Shenk, 1997).
Luis Borges Gouveia in http://homepage.ufp.pt/lmbg/formacao/msc_competencias_book.pdf