Sociedade de Informação, sociedade de ecrãs

Para Van Dijk , o discurso linguístico possui, nas sociedades da modernidade, um poder fundamental, não apenas nas interações individuais, mas em todas as atividades e processos que constituem a estrutura social. A dimensão cognitiva do discurso não pode ser separada da sua inserção social, o que transforma a linguagem numa atividade de exercício de poder social. Um dos campos onde, em certas vertentes, melhor se conjugam as dimensões cognitivas e comunicativas a nível individual e social é a publicidade. Entre o poder económico desta atividade, o poder informativo e cognitivo do discurso publicitário e a realidade de as sociedades atuais serem organizadas como sociedades de informação e comunicação estabelecem-se interfaces implicativas e condicionantes. É uma banalidade dizer que vivemos na sociedade de informação. Uma banalidade que corre o risco de nada informar sobre a essência do que constitui hoje a informação e a comunicação nas sociedades atuais, porque informação e comunicação sempre houve em todas as sociedades. A questão que nos últimos anos se impõe é a de como a informação se hipervisualizou, transformando a sociedade da escrita numa sociedade da imagem. E se o aparecimento da televisão, a partir de meados do século XX, começou a fazer pender para a imagem o predomínio do poder comunicativo, os múltiplos e alucinantes desenvolvimentos tecnológicos estão a fazer que esse predomínio se transforme em quase exclusividade. As letras no papel dos livros e dos jornais já quase passaram à história. São ecrãs, onde hoje nos informamos. Múltiplos, diversificados, práticos e cada vez mais baratos, adaptáveis e confortáveis. A sociedade de ecrãs, por isso, transforma-se no veículo ideal para uma comunicação essencialmente visual, icónica, onde há a tendência de à palavra ficar reservado o papel secundário de legendagem da informação: as imagens informam, a palavra legenda. O axioma exaustivamente repetido de que a imagem vale mil palavras pode não ser qualitativamente verdadeiro. A imagem pode não ter a qualidade informativa das palavras, mas tem a factualidade e o poder de causar sempre mais impacto imediato. E se é verdade que a tradição semiótica clássica não prestou a devida atenção ao(s) poder(es) significativos da imagem, novas abordagens fazem ressaltar esses mesmos poderes, utilizando até o conceito de “gramática” para referir a respetiva orgânica semântico-semiótica. (Kress e van Leeuwen, 1996).
José Teixeira in http://repositorium.sdum.uminho.pt